O Tá na Mesa da FEDERASUL desta quarta-feira, 4, reuniu dois especialistas para discutir um tema crucial para a região metropolitana de Porto Alegre: o enfrentamento das cheias. A reunião-almoço contou com a participação do engenheiro agrícola e doutor em manejo e conservação de solo e da água, Antoniony Winkler, e do doutor em recursos hídricos e saneamento ambiental e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, Fernando Dornelles. Ambos salientaram a necessidade que a catástrofe não esquecida.
Na abertura do evento, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, agradeceu aos convidados pela prontidão em falar na entidade e elogiou os recentes anúncios do governo federal para auxílio ao agro gaúcho. “É uma resposta pública extremamente benéfica, que evitará um êxodo rural”, explicou.
No entanto, ele também ressaltou a necessidade de que o apoio governamental seja estendido à indústria e ao comércio, destacando que o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul depende de todos os setores produtivos. “Não podemos deixar nenhuma peça da engrenagem para trás”, afirmou.
Winkler iniciou abordando soluções técnicas para fortalecer o sistema de contenção, além da contínua abordagem do tema das enchentes na opinião pública para evitar o esquecimento do problema. O engenheiro agrícola destacou sete pontos críticos no sistema de contenção de cheias da região metropolitana, apontando soluções técnicas para cada um. Entre os problemas identificados estão as cabines de alvenaria e transformadores elétricos, que estão posicionados abaixo da cota de inundação, tornando-os vulneráveis em situações de cheia.
Para mitigar esses riscos, Winkler sugeriu que as casas de bombas e os transformadores sejam levantados ou vedados, garantindo que permaneçam operacionais durante eventos de inundação. Além disso, ele ressaltou a necessidade de implementar geradores de energia movidos a diesel, já que a falta desse recurso deixa o sistema de bombas inoperante em casos de falta no fornecimento pela concessionária, como aconteceu em Porto Alegre.
RECONSTRUIR MELHOR
O professor Fernando Dornelles iniciou apresentando um levantamento detalhado do que ocorreu durante as enchentes de maio, que atingiu 45 centímetros mais do que a histórica inundação de 1941, o que revelou falhas críticas no sistema de proteção, como a entrada de água através das casas de bombas e a falta de vedação adequada em comportas essenciais. “A importância de olhar para trás é evitar cometer os mesmos erros e reconstruir melhor”, afirmou.
Dornelles destacou que o sistema de proteção de Porto Alegre, embora vital, não oferece uma garantia absoluta contra inundações. Ele defendeu a necessidade de manutenção constante e melhorias nas estruturas existentes para minimizar o risco de falhas futuras. “Precisamos estar cientes de que este sistema pode falhar e devemos trabalhar incessantemente para evitar que isso aconteça”, afirmou.