As emergências dos hospitais e pronto-atendimentos adultos de Porto Alegre registraram, no começo da tarde desta sexta-feira, uma lotação média de 213,52%, de acordo com o dashboard da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), contabilizando 521 pessoas internadas para 244 leitos disponíveis. Outras 74 aguardavam atendimento. No Hospital São Lucas da PUCRS, o mais crítico dentre os analisados, a superlotação chegou a 310%, ou 31 internados para dez leitos.
Nos PAs Moacyr Scliar e Cruzeiro do Sul, o índice era ainda mais alarmante, de 364,71% na primeira e 355,56% na segunda. Já nas emergências pediátricas da Capital, a lotação em geral era de 106,17%, registrando 86 internados para 81 leitos, mais nove pacientes aguardando atendimento. Diante da superlotação, o HCPA disse nesta semana que estava priorizando atendimentos a casos de maior gravidade e risco, e recomendou que, em casos mais simples, a população procure outros serviços de emergência, como unidades básicas de saúde ou PAs.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), com 182,35%, informou que atende apenas pacientes com risco de morte. Ainda nas emergências adultas, o índice registrado também foi alto no Instituto de Cardiologia, com 214,29%, e na Santa Casa de Misericórdia, com 250%. Nas outras duas UPAs da Capital, a do bairro Bom Jesus tinha 357,14% de superlotação e na da Lomba do Pinheiro, o índice era de 225%.
Para o coordenador municipal de Urgências da SMS, Paulo Bobek, há uma saturação dos serviços de saúde, principalmente na zona Norte de Porto Alegre, devido aos pacientes que vêm de outros municípios, embora o estado tenha assumido a gestão de alguns hospitais destes locais, potencializado, de acordo com ele, pela crise do Instituto de Cardiologia (IC). Também segundo o coordenador, muitas pessoas afirmaram, sem documentação, que eram da Capital para receber atendimento depois da enchente. “Como medida de solidariedade, acabamos atendendo”, comentou ele. Também houve aumento nas internações em áreas como oncologia e para o tratamento de problemas cardiovasculares.
Mas, diante disto, ele destacou que mais pessoas estão sendo afetadas por doenças respiratórias, devido ao contato com a fumaça das recentes queimadas, assim como a Prefeitura ampliou o horário de atendimento de serviços de saúde, inclusive farmácias municipais, a fim de facilitar a dispensação de medicamentos. “De qualquer forma, entendemos que a Saúde está em uma situação bastante aguda de crise, e a solidariedade é importante neste momento”, comentou Bobek, afirmando ainda que a tendência destes aumentos ocorre desde antes da pandemia.