Gastos com alimentação fora de casa passam de R$ 61 bilhões, aponta instituto

Dados do segundo semestre mostram que o ticket médio teve incremento de 4%

Foto: JOSÉ CRUZ / AGÊNCIA BRASIL

Os consumidores brasileiros gastaram um total de R$ 61,4 bilhões no segundo semestre do ano com foodservice, marcando um aumento de 3% em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior e atingindo o maior nível histórico já apurado. É o que apontam os Consumer Eating Share Trends (CREST), divulgado pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB). O ticket médio mostrou incremento de 4%, alcançando R$ 19,74, o que indica estabilização em patamares elevados. 

O Índice Desenvolvimento Foodservice (IDF) aponta que as vendas nominais apresentaram um crescimento robusto de 15,7% na comparação anual. Na análise de mesmas lojas, esse índice foi de 12%, apontando recuperação consistente em diversos segmentos do mercado. O levantamento também verificou um aumento significativo nas transações totais: 10,3%. A inflação, medida pelo IPCA, registrou alta de 10,3% em junho de 2024, comparada a 4,7% em junho de 2023. 

Ainda de acordo com o CREST, apesar da melhora, o setor ainda enfrenta desafios importantes. A persistência de preços elevados e a compressão da renda têm impactado o consumo fora de casa. A aceitação social das marmitas continua a subir, competindo diretamente com o foodservice tradicional. Além disso, a influência das apostas esportivas no orçamento dos consumidores é notável, com 22% dos brasileiros afirmando que apostam online, e isso tem consumido parte da renda que era destinada ao consumo em bares e restaurantes. 

Já o Rio Grande do Sul, o setor de foodservice inclui 118 mil empresas das quais 8.200 foram impactadas diretamente pelas cheias de maio. O levantamento destacou que os municípios mais afetados foram: Eldorado do sul (74%) São Leopoldo (31%) e Canoas (25%). A maior parte das empresas afetadas (88%) é composta por microempresas com faturamento anual de até R$ 360 mil. Pequenas empresas, com faturamento de até R$ 4,8 milhões, representam 5,8%, enquanto os demais portes somam 6,2%.  

Dentro do mercado de foodservice, os segmentos mais afetados incluem restaurantes e lanchonetes, com 1250 afetadas. Outros segmentos como bares, padarias e lojas de conveniência também sofreram diversos impactos. O levantamento também analisou a presença de empresas de foodservice no delivery, destacando que 21% dos restaurantes afetados utilizam serviços de entrega. Essa alternativa pode facilitar a recuperação das empresas ao permitir a continuidade das operações mesmo com as limitações físicas impostas pelas inundações. 

RECUPEREAÇÃO

Após o desastre que atingiu a região, os dados específicos do novo levantamento com relação ao Rio Grande do Sul indicam um crescimento de 14,6% no mês de maio, representando 3,2% das vendas dos operadores do IFB. No entanto, a região sofreu queda de 6,8% em vendas, alinhada com os dados reportados pela Cielo, que mostraram baixa de 7,3%. A menor participação de operações dos associados do IFB no estado contribui para esse desalinhamento com o resto do mercado, que cresce a 3,9%. 

As projeções indicam influência negativa de aproximadamente 3% no Rio Grande do Sul até dezembro, resultando em um impacto de 0,2% no desempenho geral do foodservice no Brasil. Essas estimativas são baseadas nos dados disponíveis e no ritmo de recuperação observado, reconhecendo a necessidade de atualização contínua conforme novos dados se tornam disponíveis.