A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), recuou 0,1% em agosto. Essa queda, a segunda consecutiva no ano, é atribuída principalmente à piora na perspectiva profissional, que diminuiu 0,2%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 22.
No entanto, o resultado foi amenizado por um cenário mais favorável para o acesso ao crédito, que cresceu 0,6%. Apesar da redução, o indicador alcançou 102,2 pontos, permanecendo acima do nível de satisfação e atingindo o maior patamar desde maio deste ano. “Embora as taxas de juros ainda estejam elevadas, a melhoria das condições de crédito reflete um esforço conjunto para tornar o mercado mais acessível, equilibrando a necessidade de controle da inadimplência com o incentivo ao consumo responsável”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
A desaceleração do crescimento contínuo da geração de empregos levou a um recuo na percepção dos consumidores em relação ao emprego atual e à perspectiva profissional em julho. No entanto, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho mostrou um aumento do número de assalariados, com um saldo líquido superior ao de junho. Isso resultou em um crescimento de 0,4% no indicador que mede a satisfação com o emprego atual. “Mesmo com a percepção mais favorável do momento atual, os consumidores continuam cautelosos com relação à evolução do mercado de trabalho”, pontua Tadros.
ACESSO AO CRÉDITO
O subindicador que avalia o otimismo referente ao acesso ao crédito também teve um crescimento no mês, aumentando 0,6%. Apesar de a taxa Selic não ter sido reduzida nas duas últimas reuniões do Copom, as condições de crédito melhoraram em relação a períodos anteriores. O momento desafiador no mercado de crédito foi capturado na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que mostrou que os consumidores precisam equilibrar seu alto endividamento com o controle da inadimplência.
No entanto, o resultado de julho da Peic foi mais ameno, com uma redução do percentual de famílias que não terão condições de amortizar sua inadimplência. Esse fator também influenciou o aumento do indicador que mede a avaliação dos consumidores sobre o momento para compra de bens duráveis, pois a redução da inadimplência torna o mercado de crédito mais acessível. Além disso, como esses tipos de produto têm alto valor agregado, são altamente influenciáveis pelas taxas de juros.