Os investimentos dos brasileiros pessoas físicas somaram R$ 7 trilhões no primeiro semestre de 2024, aumento de 7,6% na comparação com o fechamento de 2023. O volume engloba as aplicações dos clientes do varejo tradicional, do varejo alta renda e do private (investidores com mais de R$ 5 milhões aplicados). Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Com carteiras mais concentradas na renda fixa, ambos segmentos do varejo se destacaram no semestre. O alta renda cresceu 9,7%, chegando a R$ 2,4 trilhões, enquanto o tradicional avançou 9,5%, somando R$ 2,3 trilhões. Juntos, os dois segmentos correspondem a uma fatia de 68,6% do volume investido no primeiro semestre. O private cresceu 3,3%, totalizando R$ 2,2 trilhões, o equivalente a 31,4% do montante total.
“O varejo concentra a maior parte das aplicações em instrumentos de renda fixa, que são favorecidos pela Selic ainda em dois dígitos. Já o private tem a carteira mais diversificada, com 30% da fatia alocada em renda variável, que é mais influenciada pelas incertezas dos cenários interno e externo”, diz Ademir A. Correa Júnior, presidente do nosso Fórum de Distribuição.
RENDA FIXA
Neste cenário, a renda fixa cresceu 10,1% no primeiro semestre de 2024 em comparação a dezembro de 2023, chegando a R$ 4 trilhões, o equivalente a 57,8% do montante aplicado. A previdência ampliou em 10,8% sua posição nas carteiras, totalizando R$ 1,15 trilhão. Contribuiu para o avanço a inclusão, a partir de dezembro do ano passado, de estatísticas sobre a aplicação em previdência aberta no varejo.
O investimento em híbridos, que inclui fundos multimercados, cambiais, imobiliários, ETFs (Exchange Traded Funds ou fundos de índice) e COEs (Certificados de Operações Estruturadas), aumentou 1,2%, somando R$ 799,2 bilhões. As aplicações em renda variável ficaram praticamente estável no semestre, com leve recuo de 0,5%, para R$ 974,8 bilhões.
Na divisão por instrumentos, títulos e valores mobiliários fecharam o semestre com R$ 3,1 trilhões, crescimento de 7,8% entre dezembro de 2023 e o final de junho de 2024. O investimento em fundos subiu 7,7%, para R$ 1,7 trilhão, e, em poupança avançou 2,8%, chegando a R$ 951,7 bilhões.
ISENÇÃO
O investimento em títulos isentos de imposto de renda chegou a R$ 1,1 trilhão, aumento 7,3% (R$ 77,7 bilhões) na comparação com o fechamento de 2023. O avanço aconteceu em meio às novas regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), que, em fevereiro deste ano, limitaram a emissão e ampliaram o prazo de carência desses papéis. Apesar do saldo positivo no acumulado do semestre, as novas regras reduziram o percentual e o volume do avanço. Para efeito de comparação, o crescimento desses títulos no segundo semestre de 2023 foi de 9,6%, o equivalente a R$ 93,3 bilhões. Na primeira metade do ano passado, a alta foi de 22% (R$ 176 bilhões).
As aplicações em CRAs e CRIs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliários, respectivamente) cresceram 22,9%, para R$ 114,3 bilhões, e 25,5%, somando R$ 78,7 bilhões, nesta ordem. Tanto as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) quanto as LCIs (Letras de Crédito Imobiliários) avançaram 3,6%. As primeiras fecharam o semestre em R$ 433,5 bilhões, enquanto as LCIs chegaram a R$ 332,6 bilhões. As LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas) subiram 4,3%, totalizando R$ 113,5 bilhões. As debêntures incentivadas, que não foram incluídas nas regras do CMN, ganharam atratividade, somando R$ 75,1 bilhões ao final de junho, aumento de 13,7% na comparação com dezembro de 2023.
Os títulos de renda fixa sem isenção fiscal também avançaram. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) subiram 13,1%, totalizando R$ 975,8 bilhões, enquanto a alta dos títulos públicos foi de 15,5%, para R$ 173,1 bilhões. As debêntures tradicionais cresceram 22,3%, somando R$ 43 bilhões ao final da primeira metade deste ano. Entre os títulos e valores mobiliários de renda variável, as ações recuaram 1,5%, alcançando a cifra de R$ 692,8 bilhões.
PREFERIDOS
Entre os fundos de investimento, o destaque fica com a classe de renda fixa. O produto cresceu 20,9%, chegando a R$ 699,3 bilhões. “Com o semestre marcado pela aversão a risco e pelas mudanças nas regras de títulos isentos, esses fundos e outros produtos de renda fixa, como CDBs e as debêntures, tanto as tradicionais quanto as incentivadas, ficaram mais atrativos”, diz Correa Júnior.
Os fundos imobiliários também tiveram resultado positivo no semestre, com alta de 20,4%, para R$ 111,4 bilhões. Ainda fecharam no azul: os FIPs (Fundos de Investimento de Participação), com aumento de 34%, para R$ 36,8 bilhões; os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), que avançaram 17,7%, para R$ 11,2 bilhões; e os ETFs, com crescimento de 38,5%, totalizando R$ 10,3 bilhões.
Por outro lado, os multimercados recuaram 4,2%, para R$ 605,1 bilhões, assim como os fundos de ações (inclui fundos mútuos de participação), que caíram 1,6%, totalizando R$ 245,2 bilhões ao fim do semestre, e os cambiais, com baixa de 17,8%, para R$ 1,8 bilhão no mesmo período de comparação.
Todas as regiões registraram aumentos no primeiro semestre deste ano. O Sudeste, que, no fechamento de junho, concentrava R$ 4,6 trilhões, cresceu 6,6% em relação a dezembro de 2023. O avanço do montante aplicado pelos investidores do Sul foi de 9,9%, totalizando R$ 1,2 trilhão. No Nordeste, o aumento foi de 8,2%, somando R$ 633,8 bilhões. Na região Centro-Oeste, o crescimento foi de 10,1%, para R$ 372,1 bilhões, enquanto no Norte, houve um aumento de 8,6%, para R$ 119,3 bilhões.