Conteúdo das caixas-pretas de avião que caiu em Vinhedo foi 100% recuperado, diz Cenipa

Chefe do órgão afirmou que os dados, agora, vão ser analisados por investigadores em Brasília

Foto: FAB / Divulgação

O chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), brigadeiro Marcelo Moreno, afirmou neste domingo (11) que o órgão conseguiu extrair todo o conteúdo das duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. Em entrevista coletiva, Moreno disse que os dados, agora, vão ser analisados por investigadores em Brasília.

“Conseguimos 100% de sucesso obter as informações de voz e informações de dados que correspondem aos momentos que antecederam a esse trágico impacto, esse trágico evento para a sociedade”, disse.

As caixas-pretas gravam dados do voo, como altitude, velocidade e as vozes na cabine.

“Os dados foram obtidos, validados, e agora aguardamos a linha de investigação de nossos investigadores, que ainda se encontram aqui comigo, regressarem a Brasília para a gente começar a trabalhar na transformação desse número enorme de dados para a informação útil para a sociedade”, disse o chefe do Cenipa.

A aeronave do voo 2283 caiu no bairro de Capela, em Vinhedo, no interior de São Paulo, nessa sexta-feira (9), por volta das 13h28. O avião da companhia Voepass, antiga Passaredo, saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h58, e tinha como destino o Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Segundo o brigadeiro, os dois motores do avião serão analisados em São Paulo para verificar se estavam com potência no momento do acidente. “Os motores serão segregados para posterior análise de nosso pessoal, um engenheiro qualificado e experiente, para emissão de laudo como uma parte da investigação para se ter certeza de que, durante o impacto, os motores estavam ou não desenvolvendo potência”, explicou.

Representantes da agência francesa responsável pela fabricação da aeronave, a Bureau D’enquetes Et D’analyses Pour La Securite De L’aviation Civile, chegaram ao local do acidente para auxiliar nas investigações. O chefe do Cenipa informou que também são esperados nas próximas horas representantes da agência canadense responsável pela fabricação dos motores, a Transportation Safety Board.

O voo contava com 62 pessoas a bordo – 58 passageiros e 4 tripulantes. A Defesa Civil informou que a aeronave explodiu ao cair no chão. Desde o primeiro momento, as autoridades informaram que ninguém a bordo sobreviveu. Apesar de a aeronave ter explodido na garagem de uma casa, nenhuma pessoa foi atingida em solo. Vídeos registraram o momento da queda do avião.

O percurso foi seguido pelo avião normalmente até por volta das 13h. A aeronave decolou de Cascavel (PR) às 11h50 e deveria pousar em Guarulhos (SP) às 13h45. Segundo informações da Força Aérea Brasileira, a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, nem declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda de contato com o radar ocorreu às 13h22.

Em coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, responsáveis pela Voepass informaram que o ATR-72 passou por manutenção na noite anterior ao acidente. Segundo a empresa, tudo estava no padrão técnico observado pela companhia. Ainda conforme os representantes da Voepass, o avião estava em rota normal até a queda. Os empresários lembraram que ainda precisam ser analisadas informações para as causas serem compreendidas.

Tempo apresentava instabilidade

Especialistas acreditam que o mau tempo pode ter contribuído para o acúmulo de gelo nas asas. Pilotos que sobrevoaram São Paulo na sexta-feira (9) confirmaram uma condição atmosférica fora do normal. O ATR-72 é um avião de médio porte com boa reputação de segurança. Por características de projeto, voa a uma altitude inferior à operada pelos grandes jatos, justamente onde ocorre uma maior formação de gelo na atmosfera.

Quem são as vítimas

Segundo a Voepass, a tripulação tinha todas as certificações necessárias para o voo e era composta por pessoas experientes. A equipe era formada por: Danilo Santos Romano, comandante; Humberto de Campos Alencar e Silva, co-piloto; Débora Soper Ávila, comissária; e Rubia Silva de Lima, comissária.

Entre os passageiros estavam pai e filha: Liz Ibba Santos, de três anos, e Rafael Fernando dos Santos, que viajavam para celebrar o Dia dos Pais; as médicas residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim; e o árbitro de judô Edilson Hobold, de 52 anos. A lista completa foi disponibilizada por volta das 18h de sexta-feira.