O ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, comentou neste domingo a desistência de seu oponente, o democrata Joe Biden, de concorrer à reeleição. O atual presidente de 81 anos estava sob pressão de aliados do partido para desistir da disputa após o mau desempenho em um debate, além de uma série de gafes que colocaram e dúvida a sua capacidade cognitiva.
Em uma rede social, Trump chamou Biden de corrupto e disse que ele não estava apto para concorrer à presidência dos EUA. “Ele só alcançou o cargo de presidente através de mentiras, fake news […] Todos aqueles ao seu redor, incluindo o seu médico e a mídia, sabiam que ele não era capaz de ser presidente, e ele não era”, escreveu Trump.
O ex-presidente disse ainda que a administração Biden fez com que milhões de pessoas atravessassem a fronteira dos EUA sem controle. “Muitos provenientes de prisões, instituições psiquiátricas e um número recorde de terroristas. Sofreremos muito por causa da sua presidência, mas remediaremos muito rapidamente os danos que ele causou,” acrescentou.
A saúde e a capacidade cognitiva de Biden vinham sendo questionadas dentro e fora do partido dele. Alguns doadores haviam suspendido repasses financeiros à campanha, como forma de pressioná-lo a desistir.
O anúncio da desistência foi publicado em uma rede social. “Acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu me demita e me concentre apenas no cumprimento dos meus deveres como presidente durante o resto do meu mandato”, afirma ele no comunicado, onde afirma que “dará mais detalhes sobre a decisão” ainda esta semana.
Minutos depois, Biden endossou Kamala Harris, vice-presidente do país, como candidata do Partido Democrata. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump”, afirmou Biden na rede social.
Candidatura questionada
A candidatura de Biden, que está com 81 anos, passou a ser questionada no fim de junho, quando ele se enrolou nas falas e não conseguiu completar frases durante um debate contra Trump. O próprio presidente admitiu que seu desempenho havia sido ruim, mas rechaçou abandonar a disputa.
A cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em 11 de julho, poderia ser uma possibilidade para que ele revertesse a opinião pública sobre suas condições cognitivas, mas o oposto aconteceu.
Anfitrião do evento, em Washington, Biden confundiu o nome do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o chamou de “presidente Putin”, com o ucraniano ao seu lado no palco.
Pouco depois disso, em uma entrevista, disse que havia escolhido sua “vice-presidente Trump”, em vez de mencionar Kamala Harris.
O jornal The New York Times noticiou recentemente que um neurologista especializado em distúrbios de movimento, incluindo a doença de Parkinson, esteve na Casa Branca oito vezes em um período de oito meses.
O governo americano, porém, negou que essas visitas tivessem relação com o presidente e disse que ele foi submetido a check-ups anuais desde que assumiu o cargo, sendo descartada em todos eles qualquer doença neurológica.
O ex-presidente Barack Obama, até então um defensor da candidatura de Biden, falou a aliados que ele deveria “considerar seriamente a viabilidade” da permanência na corrida, informou o jornal The Washington Post, na quinta-feira (18).