A tragédia das cheias no Rio Grande do Sul deve se restringir a um impacto negativo estimado de 0,25 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024, mas deve ser neutralizado pelo impacto positivo das medidas de suporte, estimadas entre 0,2 e 0,3 ponto percentual. A estimativa consta do Boletim Macrofiscal de julho divulgado pela Secretaria de Política Econômica e levou em conta os recursos totais autorizados, até o momento, para auxiliar na reconstrução, que já atingem cerca de R$ 109,5 bilhões (excluído o recurso destinado à compra de 100 toneladas de arroz), equivalente à cerca de 18,8% do PIB do estado em 2021.
Excluindo antecipações de transferências e diferimento de tributos que ainda serão compensados em 2024 desse montante, e ainda parte dos recursos autorizados em linhas de crédito que devem ser utilizados apenas no próximo ano, esse montante cai para cerca de R$ 54,5 bilhões em 2024 (9,4% do PIB do RS em 2021). “Nós construímos nossas simulações e chegamos a conclusão que do ponto de vista do produto eventos no Rio Grande do Sul tendem a ter um impacto neutro no crescimento do PIB brasileiro neste ano. É algo que ainda deve ser acompanhado, pois novas medidas deverão ser tomadas e novos impactos não antecipados poderão ser observados, mas os resultados econômicos dos meses de maio e junho tem surpreendido positivamente”, disse o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.
PROJEÇÃO
O Boletim Macrofiscal manteve a projeção de crescimento do PIB de 2024 em 2,5%. Segundo o documento, o dinamismo das vendas no varejo e a crescente demanda por serviços prestados às famílias, impulsionados pela geração de novos postos de trabalho, aumento da massa de rendimentos e condições de crédito menos restritivas, são os principais motores do crescimento para o ano. A recuperação dos investimentos, refletida na expansão da absorção de bens de capital, também contribui para essa projeção.
Embora a projeção geral de crescimento tenha permanecido estável desde maio, houve revisões significativas nos setores produtivos. A expectativa para a agropecuária caiu de -1,4% para -2,5%, devido à redução nas estimativas para as safras de soja, milho e trigo, além dos efeitos da calamidade no RS. Por outro lado, a indústria teve sua projeção de crescimento ajustada de 2,4% para 2,6%, refletindo melhores expectativas para a indústria de transformação e construção. A previsão para o setor de serviços também subiu, passando de 2,7% para 2,8%.
Para o segundo trimestre de 2024, espera-se uma desaceleração moderada no ritmo de atividade, com um crescimento de 0,6% na margem. Esse resultado equivale a uma expansão interanual de 1,9% e uma alta de 2,1% no acumulado em quatro trimestres.