Após uma série de críticas, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul recuou na tentativa de implementar um projeto que previa o pagamento de R$ 450 como forma de incentivo à adoção de animais resgatados da enchente. Para o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado, João Junior, em relação à causa animal, o Governo tem apresentado soluções lentas e pouco técnicas.
Ele salienta que são muitos os critérios para incentivar a adoção, e que tentar promover a iniciativa por meio de remuneração, enfraquece a causa e ainda expõe os pets a uma série de riscos. Entre eles, o abandono por parte do titular, após o pagamento. Segundo João, a estimativa é de que cerca de dez mil animais estejam à espera de um lar no Estado.
No ápice da enchente, Canoas, na Região Metropolitana, chegou a receber dezenove mil animais. Sem tutores, o número chegou a atingir a marca de nove mil. Atualmente, mil e oitocentos ainda aguardam por adoção, com cães, na grande maioria, distribuídos em sete abrigos. Segundo a secretária do Bem-Estar Animal da cidade, um projeto para estruturar um novo abrigo no município está em trâmite junto ao Governo Federal. A estimativa é de que o investimento tenha um custo entre dez e quinze milhões de reais.
Fabiane Tomazi Borda ressalta que, para incentivar a adoção, feiras são organizadas regularmente. Em relação às ações propostas pelo Governo estadual, ela também faz uma crítica sobre a construção das iniciativas. Entre os pontos de conflito, destaca a ausência de diálogo com os municípios. Para Fabiane, um dos requisitos para adoção, é justamente que o responsável tenha recursos, já que um pet tem estimativa de vida entre dez e vinte anos, o que exige comprometimento e acompanhamento constante.
Em Porto Alegre, atualmente, cerca de mil e quatrocentos animais esperam por um tutor. Após diálogo com representantes e profissionais da área, a expectativa é de que o Governo do Estado apresente uma reformulação da proposta de assistência à causa animal ainda este mês.