Os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda revelam que, em maio, embora tenha ocorrido nova aceleração da inflação para todas as classes de renda pesquisadas, esta foi mais significativa para o segmento de renda alta. Após registrar taxa de inflação de 0,20%, em abril, os preços dos bens e serviço consumidos pelas famílias de renda alta avançaram, na média, 0,46%, em maio, refletindo, especialmente, os reajustes das passagens aéreas e dos transportes por aplicativo.
Já para as famílias de renda muito baixa, a inflação avançou de 0,41% para 0,48%, entre abril e maio, sendo puxada pelos aumentos nos preços dos alimentos no domicílio e dos artigos de higiene pessoal e, ainda, pela alta nas tarifas de água, esgoto e energia elétrica. Entretanto, mesmo diante de uma maior pressão inflacionária ao longo de 2024 – explicada, principalmente, pelos efeitos climáticos sobre os alimentos no domicílio –, no acumulado em 12 meses, as famílias de renda muito baixa ainda seguem apresentando a menor taxa de inflação (3,20%), enquanto a faixa de renda alta aponta a taxa mais elevada (4,84%).
Em maio, os grupos alimentos e bebidas, habitação e saúde e cuidados pessoais se constituíram nos principais focos de pressão inflacionária para praticamente todas as classes de renda. No primeiro caso, mesmo diante das novas deflações registradas em subgrupos importantes, como cereais (-0,15%) e carnes (-0,04%), os reajustes dos tubérculos (6,30%) e dos leites e derivados (2,00%), entre outros, explicam a alta dos preços dos alimentos no domicílio em maio.
Já em relação ao grupo habitação, os aumentos das tarifas de água e esgoto (1,60%) e de energia elétrica (0,94%) e a alta de 1,00% no preço do gás de botijão podem ser apontados como os principais focos inflacionários, no período. No grupo saúde e cuidados pessoais, o impacto altista sobre a inflação veio, sobretudo, dos reajustes dos produtos de higiene pessoal (2,80%) e dos planos de saúde (0,76%). Para as famílias de renda alta, o grupo transportes exerceu a maior pressão sobre a inflação, em maio, repercutindo os aumentos das passagens aéreas (5,90%) e dos transportes por aplicativo (1,80%).