Exportações de calçados caíram 25% até maio, diz Abicalçados

Volume somou 42,9 milhões de pares nos primeiros cinco meses de 2024

Crédito: Divulgação/Abicalçados

As exportações calçadistas somaram 42,9 milhões de pares e US$ 420,14 milhões entre janeiro e maio, quedas tanto em volume (-25%) quanto em valor (-22%) em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Segregando apenas o mês de maio, as exportações somaram 7,33 milhões de pares e US$ 76 milhões, quedas de 14,1% e 22,5%, respectivamente, ante o mesmo mês de 2023.

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o cenário no mercado internacional segue bastante instável, com a economia norte-americana ainda “patinando” e a crise econômica na Argentina. “São dois dos nossos principais destinos. Na América Latina, onde estão outros dos nossos principais parceiros, o mercado também está instável economicamente. Além desses fatores, temos a já conhecida concorrência com os produtores asiáticos, que normalizaram suas entregas após a baixa do preço do frete internacional. Será um ano difícil para as exportações de calçados”, comenta o dirigente.

Principal destino do calçado brasileiro no exterior, entre janeiro e maio, os Estados Unidos importaram 4,38 milhões de pares verde-amarelos por US$ 87,66 milhões, quedas de 3,8% e de 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Na sequência dos principais destinos dos cinco meses apareceram a Argentina (3,9 milhões de pares e US$ 79,68 milhões, quedas de 40,6% e 25,3%m respectivamente) e o Paraguai (3,22 milhões de pares e US$ 17,9 milhões, quedas de 27,3% e 12,8%).

Entre os meses de janeiro e maio, o Rio Grande do Sul seguiu sendo o principal exportador de calçados do Brasil. No período, partiram das fábricas gaúchas 13,15 milhões de pares, que geraram US$ 201 milhões, quedas de 17,1% e 14,5%, respectivamente, ante o intervalo correspondente de 2023. Na sequência, apareceram Ceará (13,8 milhões de pares e US$ 92 milhões, quedas de 23,4% e 28,6% no comparativo com 2023) e São Paulo (2,5 milhões de pares e US$ 38,73 milhões, quedas de 33,8% e 25,5%, respectivamente).

IMPORTAÇÕES

As importações predatórias de calçados seguem trazendo dor de cabeça para a indústria calçadista nacional. Entre janeiro e maio, entraram no Brasil 15,43 milhões de pares por US$ 186,9 milhões, aumento de 4,3% em volume e praticamente o mesmo número em receita do que no mesmo período do ano passado. Segregando apenas o mês de maio, as importações somaram 2,56 milhões de pares e US$ 33,94 milhões, incremento de 13,5% em pares e queda de 20% em valores, o que demonstra um menor preço médio do produto que entra no Brasil.

Chama a atenção, neste contexto, as importações de calçados da China. Somente no mês de maio, entraram no Brasil 862,68 mil pares chineses, pelos quais foram pagos US$ 2,43 milhões. A alta, em pares, é de 77,4% em relação ao mesmo mês de 2023. Já em valores, existe uma queda de 44,3%. O fato é explicado pelo preço incrivelmente baixo adotado pelos exportadores chineses: US$ 2,82, o menor preço desde o início da série histórica, iniciada em 1997.

“A agressividade dos exportadores chineses é algo que assusta o mundo com claras práticas de concorrência desleal – dumping. Como se produz um calçado a menos de US$ 3? Com baixo nível de ratificação das Convenções da Organização Internacional do Trabalho, falta de critérios de sustentabilidade, entre outras questões”, alerta Ferreira. No acumulado dos cinco meses, a China embarcou para o Brasil 6,42 milhões de pares por US$ 18,98 milhões, quedas de 13,2% em volume e de 22,5% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Entre janeiro e maio, as importações de partes de calçados – cabedais, palmilhas, saltos, solados etc – somaram US$ 14,27 milhões, 24,8% mais do que em 2023. As principais origens foram China, Paraguai e Colômbia.