Os dias fora da rotina em Porto Alegre gerados pela enchente ganham contrastes ainda mais sombrios após o recuo das águas na região do Quarto Distrito. Ao passo que o terreno seca, além do lixo e da lama, surgem marcas de ações criminosas.
A região da Capital que tentava se reerguer economicamente, lamenta prejuízos de toda ordem. E com quarteirões inteiros vazios, apesar da presença das forças de segurança, não faltaram atos de vandalismo e arrombamentos.
Quando o empresário Albori Rodrigues da Silva deixou, no dia 3 de maio, a casa onde mora com esposa, Gelusane Lazari, no bairro São Geraldo, ele já esperava perdas sem precedentes no restaurante que mantém há 15 anos na avenida Presidente Franklin Roosevelt. Ele só não estava preparado para o baque que recebeu ao retornar, no começo desta semana.
“Quando eu saí, resgatado pela Defesa Civil, a água está quase no pescoço. Eu sabia que havia perdido o restaurante. Mas pensei que minha casa estaria segura”, revela.
Nino, como é chamado por clientes e amigos, passou pouco mais de 20 dias no litoral Norte gaúcho. Ao chegar em casa, encontrou a casa, que fica em cima do estabelecimento comercial, arrombada e vandalizada.
“O que não furtaram, fizeram questão de estragar”, lamenta.
E não é força de expressão. Todos os cômodos foram revirados, portas de armários, roupeiros e até a do refrigerador foram arrancadas. Espelhos, boxes dos banheiros, taças e louças foram estraçalhadas; os televisores que não conseguiram levar pelo buraco aberto no telhado foram quebrados; fotografias, documentos e exames médicos foram atirados ao chão.