A maioria dos atingidos em Porto Alegre pela enchente histórica do Guaíba são mulheres (52,9%), comparado com 47,1% de homens. É o que mostra estudo lançado pela CDL Porto Alegre com o propósito de descrever social e economicamente os 46 bairros diretamente afetados pelas cheias. No universo estudado (654.507 moradores), quatro em cada 10 pessoas (39,4%) recebem até R$ 2.000,00 por mês.
Na faixa etária, destaque para o segmento entre 30 e 49 anos (38,6%) e os idosos (60 anos ou mais), cuja participação no total é de 31,3%. Os dados foram obtidos junto às ferramentas de inteligência de mercado da Equifax / Boa Vista, parceira de negócios da CDL POA.
Em relação a profissão dos atingidos, “vendedor de comércio varejista” ocupa o terceiro lugar na lista das 20 principais ocupações dos bairros afetados, chegando a 11.981 pessoas (4,1%). Os administradores estão em primeiro, 29.070 (10,0%), e os auxiliares de escritório em segundo, 16.822 (5,8%). “Os trabalhadores ligados ao varejo aparecem de forma significativa. Muitos dos estabelecimentos seguem sem abrir suas portas em virtude das consequências dos alagamentos. Por sua vez, mesmo nos casos em que a água não tenha tomado conta da loja, danificando produtos, estoques e a estrutura, diversas operações não estão funcionando a pleno em decorrência das restrições à mobilidade dos colaboradores ou até do próprio dono”, detalha Oscar Frank, economista-chefe da Entidade.
Na dimensão da Pessoa Jurídica (PJ), foram identificados 86.531 CNPJ’s, ou seja, 33,3% do total da cidade. Desses, 19.803 (22,9%) são Microempreendedores Individuais (MEI’s). Além disso, o critério do faturamento presumido dos últimos 12 meses aponta que os negócios com receita até R$ 499,99 mil representam a maioria absoluta (59.370), ou seja, 68,6% do total. Por fim, entre os ramos de atividade por CNAE 2.0, temos condomínios prediais (9,2%), comércio varejista de vestuário e acessórios (3,0%) e cabeleireiros, manicure e pedicure (2,8%).
O presidente da CDL POA, Irio Piva, explica que a Entidade tem se dedicado a realizar estudos, pois o entendimento e o mapeamento do cenário do varejo são condições cruciais para a tomada de decisão, ainda mais neste momento de reconstrução. “A informação qualificada e sua interpretação correta são imprescindíveis para a sociedade como um todo ter mais elementos para direcionar os esforços a fim de nós, como coletividade, nos erguermos novamente”, comenta o dirigente.