Mais de 50 policiais civis fizeram parte da Operação Dívida Ativa, deflagrada nesta quinta-feira para combater crimes de estelionato e extorsão em cinco municípios gaúchos. De acordo com a Polícia Civil, o esquema era coordenado por detentos, através do uso de celular no interior de penitenciárias.
A ação ocorreu em Porto Alegre, Antônio Prado, Canela e Novo Hamburgo. Outras diligências, com apoio da Polícia Penal, aconteceram na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, onde pelo menos 10 celulares e chips foram localizados em um buraco dentro de um alojamento.
Nove suspeitos foram presos, sendo que três já cumpriam pena por outros crimes no sistema prisional. Ainda houve a execução de 12 mandados de busca, com o intuito de coletar provas relacionadas aos crimes, especialmente telefones, valores desproporcionais, objetos fruto de compras ilícitas, documentos e identidades falsas.
Extorsão e estelionato
Uma investigação de seis meses apontou que as atividades do grupo criminoso consistiam em adquirir bens anunciados em sites de compras. A aquisição ocorria através de perfis fictícios, que eram usados para enganar vendedores com pagamentos inexistentes e comprovantes falsos.
A extorsão começava após a entrega dos produtos, quando a vítima se dava conta da farsa e pedia explicações. Era então que os detentos revelavam a natureza do golpe e, através de ameaças, exigiam a transferência de quantias cada vez mais vultuosas.
Também foi constatado que a quadrilha possuía um segundo núcleo, que atuava em outra modalidade de extorsão. No caso, o bando ligava para prestadores de serviço e afirmava que determinado conserto não foi realizado da forma como deveria. As vítimas recebiam áudios com bravatas e imagens de armamento, ao mesmo tempo em que eram coagidas a enviar valores.
Foi o titular da DP de Esteio, delegado Marco Swirski, que coordenou a ofensiva. Isso porque todas as vítimas identificadas até o momento residem no município.
Swirski destaca que na conta de um dos suspeitos foram detectadas transferências no valor de R$ 40 mil, realizadas no período de dois meses. O delegado cita o exemplo de um mecânico que foi alvo do esquema porque, supostamente, teria trabalhado no conserto de um veículo.
“Os criminosos disseram que o conserto foi mal feito, motivo pelo qual um carro repleto de armas e drogas teria parado no meio de uma rua. Eles alegaram que, por conta da falha, policiais teriam apreendido os materiais. A partir disso, a vítima passou a ser cobrada para ressarcir o suposto prejuízo causado ao grupo”, destacou Marco Swirski.
Foco em descapitalizar quadrilha
O delegado regional Cristiano Reschke destaca que as investigações prosseguem, com foco em localizar e prender os mentores do esquema. Ele também alerta que as extorsões foram adotadas por grupos com origem no tráfico de entorpecentes.
“Identificamos uma nova fonte de renda das organizações criminosas. São grupos que atuavam inicialmente no tráfico de drogas, mas resolveram diversificar atividades por meio de estelionato e extorsão. São fatos graves, que tornam vítimas reféns. O alvo dos criminosos são trabalhadores, comerciantes e empresários, que sofrem violência psicológica e, por medo, acabam efetuando depósitos”, afirmou o delegado.
Ainda segundo Cristiano Reschke, é fundamental que outras vítimas do esquema criminoso procurem a Polícia Civil para registrar e denunciar outros eventos que envolvam o grupo investigado. O sigilo dos denunciantes é garantido.
“Com a contribuição das vítimas, ainda que de forma velada, alcançaremos outros nós da estrutura criminosa, incluindo seu braço financeiro e a lavagem de dinheiro. Precisamos descapitalizar a quadrilha, atacando o que motiva os crimes, que é o dinheiro”, clamou.
Denúncias anônimas
Linha direta: (51) 3458-9650
E-mail: www.pc.rs.gov.br
Whats: (51) 9 8683-3555
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