A Meta, companhia responsável pelos aplicativos Facebook, Messenger, WhatsApp e Instagram, ampliou o lucro mais que o esperado no trimestre, mas revisou para cima sua projeção de gastos para 2024. A empresa informou um lucro líquido de US$ 12,369 bilhões no primeiro trimestre 4 – ou de US$ 4,71 por ação. Para analistas, apesar do resultado, isso não importou tanto quanto as expectativas de redução de receita relatadas para o segundo trimestre. “É exatamente o oposto do que a Tesla fez ontem e mostra que os investidores estão olhando para o futuro próximo com grande desconfiança”, diz Thomas Monteiro, da plataforma Investing.com.
Segundo ele, enquanto as empresas se preparam para outro trimestre de altas taxas de juros, as expectativas de gastos com publicidade precisarão ser reduzidas em todo o quadro. Isso provavelmente prejudicará as empresas que permanecem dependentes dessa área para manter o crescimento.
“Mesmo que a empresa tenha prometido acelerar seus investimentos em Inteligência Artificial (IA), margens mais pesadas farão a diferença em um segundo trimestre desafiador, particularmente à medida que a guerra por talentos aquece em meio a custos de capital mais altos”, comenta o analista.
Diante desse cenário, os investidores estão precificando margens mais apertadas para a empresa de Zuckerberg do que anteriormente esperado, o que significa menos vantagens competitivas, particularmente no campo da inovação – tanto na realidade virtual (VR na sigla em inglês) quanto na IA.
Também na frente preocupante, conforme Monteiro, está o crescimento do número de usuários ativos diariamente (DAU, na sigla em inglês), que o Meta chama de “pessoas ativas diariamente em família”. Entre uma receita esperada mais baixa e custos operacionais mais altos, que fatalmente levarão a menos gastos com aquisição de usuários, o crescimento nessa área poderia muito bem atingir números negativos no próximo trimestre.
RECEITAS EM ALTA
Para Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, o resultado da Meta é mais uma das reações de mercado considerada irracionalidade ou de antecipação versus precificação. Isso porque na semana passada, por exemplo, conforme Corano, a Netflix esperava um crescimento bem significativo, de 50% nas receitas. E, no entanto, as receitas cresceram 80%, ou seja, muito melhor do que se esperava. E, ainda assim, a ação caiu, usando essa tese de irracionalidade ou precificação e antecipação.
“Com a Meta, estranhamente, isso está se repetindo. Ela teve resultados excepcionais, bateu as expectativas no período. E, ainda assim, de imediato, as ações começaram a cair. Isso indica que esse ganho já estava precificado. E com uma característica a mais: os investidores não simpatizaram com uma informação que consta no relatório. Há a menção de que a empresa espera que o crescimento desacelere consideravelmente”, diz ele.
O economista considera que a Meta está sendo sincera e profissional e pagando o preço por isso. Uma outra menção cita que o crescimento dos custos vem trabalhando em desfavor da melhoria da performance dos números. “Ou seja, as despesas não param de subir e isso vem trabalhando em desfavor da performance financeira da empresa. Mas a mensagem principal é que esse crescimento vertiginoso a empresa reconhece que não é sustentável ao longo dos próximos períodos”, comenta.