O aroma e a quantidade de sabores como chocolate e baunilha são atrativos de consumo principalmente para a nova geração. O aparelho contém um líquido composto por nicotina, solução que é aquecida por um circuito elétrico e se transforma em vapor, que é tragado pelo fumante. A principal diferença entre o cigarro eletrônico e o o convencional é a ausência de combustão. Conforme o chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Gazzana, o uso do produto é mais danoso que o cigarro comum e faz com que os jovens se tornem dependentes mais cedo.
“As substâncias que existem no cigarro eletrônico deixam lesão crônicas no pulmão. Elas são absorvidas e entram na circulação e podem causar câncer em outros órgãos, assim como riscos cardiovasculares”.
Desde 2003, quando foram criados, passaram por diversas mudanças. Os dispositivos eletrônicos envolvem diferentes tecnologias e formatos, com sistema fechado semelhantes a pen drives, com baterias recarregáveis com refis que geram o aquecimento de um líquido para criar aerossóis onde o usuário faz a inalação. Os líquidos podem conter ou não nicotina em diferentes concentrações, além de aditivos, sabores e produtos químicos tóxicos à saúde. Ainda conforme Marcelo, é preciso ficar atento aos primeiros sintomas de quem é dependente como intoxicação pela nicotina , lesões no pulmão e até a morte.
“A pessoa pode ter tosse, falta de ar e ansiedade. O excesso de nicotina causa diversos danos no organismo a partir de altas doses consumidas, fazendo com que o usuário comece a desenvolver problemas respiratórios logo no começo do uso do cigarro eletrônico”.
Luciano alves de 44 anos começou a fumar cigarro aos 12 anos e há 15 começou a utilizar o cigarro eletrônico. Ele conta que conheceu o dispositivo através de viagens que fazia dentro e fora do Brasil. De lá pra cá se viu dependente do produto junto com o cigarro convencional. Já tentou diversos tratamentos, mas nenhum eficaz que fizesse largar o vício.
“Eu gostaria de não ter vício nenhum e não desejo esse vício a ninguém. Como faço uso do cigarro eletrônico quando eu preciso viajar e ficar muitas horas em um local que não posso fumar por exemplo, isso é muito complicado”.
Os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiram por unanimidade, manter proibida a comercialização no Brasil. A decisão é resultado do processo que revisou a regulamentação dos produtos no país e as informações científicas mais atuais disponíveis sobre esses equipamentos. A atualização da norma proíbe a fabricação, a importação e a comercialização, a fabricação, o armazenamento e a propaganda dos chamados vapes. O Brasil foi um do primeiros países no mundo em 2009 a proibir o uso do dispositivo. A agência elaborou um relatório que avaliou o impacto no país da proibição nos últimos anos, além a situação dos outros países em que o uso foi liberado. A maior parte dos argumentos favoráveis à manutenção da proibição foram relativos aos danos da saúde pública.
Segundo o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) atualmente no Brasil há mais de 2 milhões de usuários deste tipo de dispositivo. Mesmo proibido, é muito fácil encontrar e comprar cigarros eletrônicos, que são vendidos livremente e sem qualquer controle, entrando no país através de contrabando. O não cumprimento da resolução constitui infração sanitária e pode levar a aplicação de multas. A comercialização deve ser denunciada às vigilâncias sanitárias municipais indicando o endereço e o nome do estabelecimento.