Padrasto e mãe vão a júri por homicídio de menino de dois anos em Cidreira

Anthony Chagas de Oliveira morreu em outubro de 2022, momentos após ter dado entrada em um posto de saúde com sinais de agressão

Foto: Anthony Chagas de Oliveira morreu em outubro de 2022

O padrasto e a mãe do menino Anthony Chagas de Oliveira, de dois anos vão ser julgados pelo Tribunal do Júri, nesta quinta-feira, em Tramandaí. Conforme denúncia do Ministério Público do RS (MPRS), no dia 14 de outubro de 2022, a criança foi levada desmaiada para um posto de saúde de Cidreira e não resistiu, falecendo durante o atendimento médico.

O homem, de 22 anos, está preso em Canoas, e a mulher, de 28 anos, responde em liberdade. Ele será julgado por homicídio triplamente qualificado — motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima — e tortura na modalidade castigo. Ela vai responder pelo delito de tortura por omissão, já que, segundo o MPRS, tinha conhecimento dos atos que eram praticados e não exerceu o dever de proteção.

Além do interrogatório dos réus, serão ouvidas cinco testemunhas. A previsão é de que o júri dure um dia.

Segundo a Polícia Civil, não havia registro anterior de denúncia de agressão no Conselho Tutelar de Cidreira. A investigação aponta que a criança apresentava hematomas no rosto, braços e pernas, além de ter um dos braços quebrado. A perícia confirmou politraumatismo contundente em razão da violência e, ainda de acordo com a denúncia, havia sinais que o menino já vinha sendo agredido há tempos.

Ainda segundo a polícia, pai e mãe biológicos do menino terminaram um relacionamento e, dois meses antes do homicídio, chegaram a um acordo extrajudicial, sendo que Anthony foi morar com a mãe e o padrasto. No dia 14 de outubro, o padrasto levou a criança desmaiada para o posto de saúde de Cidreira. Ele e a mãe do menino apresentaram versões diferentes sobre o ocorrido. Ela teria dito que o filho estava bem quando o entregou para o companheiro, que, ao contrário, disse que o enteado estava passando mal.

O promotor André Tarouco, que, na semana passada atuou no júri do Caso Miguel, também fará a acusação em plenário sobre a morte do menino Anthony. “Haverá mais um julgamento de um crime bárbaro contra uma criança, uma criança de dois anos que foi morta pelo padrasto. Mediante diversos golpes traumáticos, o acusado causou diversos traumatismos que acarretaram a morte do menino. Mais um caso que choca e que deve ser devidamente repreendido pela sociedade”, disse.