Uma pesquisa feita pela Federasul com 21 associações comerciais e industriais do Rio Grande Sul, que representam um universo de 173 empresas, revelou que 63,6% não oferece plano de saúde para seus funcionários e 72,3% delas não possui medidas de promoção e prevenção de saúde. Os dados foram apresentados durante o “Tá na Mesa” desta quarta-feira, 3, promovido pela entidade.
Com o tema “Os desafios da saúde pública gaúcha: financiamento cruzado entre SUS e Planos de Saúde”, o encontro reuniu Julio Flávio Dornelles de Matos, diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Luciney Bohrer, administrador do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Rogério Pontes Andrade, diretor administrativo-financeiro do Hospital São Lucas da PUCRS, e Jocélio Cunha, presidente do Hospital de Clínicas de Carazinho, destacaram as dificuldades e preocupações enfrentadas no setor. O tom unânime entre todos foi que a crise no setor de saúde do estado já era prevista e que só tende a aumentar com mais pacientes que não poderão pagar os novos custos do IPE, vindo a elevar o número de dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Eles ressaltaram a necessidade urgente de intervenção do Estado, políticas públicas a longo prazo, reorganização nos repasses de valores e aumento da tabela do SUS para evitar uma escalada ainda maior da crise. Os dados apresentados mostraram que o financiamento do sistema no Brasil é de R$ 538, 7 bilhões, dos quais 28,5% vêm da União, 28,5 dos Estados e 43,1% dos municípios.
Dos recursos do SUS para o Estado, R$ 13,6 bilhões, 49,6% vão para a assistência hospitalar e ambulatorial, 37,8% para a atenção básica e 12,6% outros serviços. No estado são 3,598 milhões de beneficiários de planos de saúde, dos quais 27,2% têm origem no IPE, 17,3% da Unimed Porto Alegre 17,3%, 24,3% da Unimed estadual e federação e 31,1% são de outros planos.
O diretor-geral da Santa Casa, Julio de Matos, disse que a crise imposta é uma realidade prevista há anos. “As demandas não encontraram atendimento nos seus municípios e a sobrecarga veio para Porto Alegre”, disse, reforçando que no ano passado a instituição atendeu pacientes de 491 municípios dos 497 existentes no estado
O presidente do Hospital de Clínicas de Carazinho, Jocélio Cunha, outro dos painelistas, considerou que o cenário é o mesmo em todos os hospitais. No hospital que dirige, o atendimento passou dos 80% e que o déficit gerado no ano passado foi de R$ 17 milhões. Já para Luciney Bohrer, do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, 127 hospitais filantrópicos do estado são responsáveis por mais de 80% dos atendimentos e devem ao sistema financeiro algo próximo dos R$ 1,6 bilhões. No caso do Hospital São Lucas, da PUCRS, o diretor administrativo-financeiro do Rogério Pontes Andrade, destacou que o atendimento é 60% SUS e 40% planos de saúde e, na área de cardiologia, praticamente dobrou, além dos atendimentos das doenças neurológicas e cardiovasculares.