Tudo começou com a visão do zootecnista Luiz Alberto Fries. Em seu trabalho de mestrado, ele coletou dados, segmentou e cruzou genéticas, mostrando que os pecuaristas poderiam lançar mão de certas ferramentas para melhorarem a qualidade de seus rebanhos e, com isso, terem uma criação mais produtiva. Sistematizados os dados a serem coletados e especificados os itens de avaliação, o projeto recebeu o nome de Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo). “Antes de Fries e seu estudo, a seleção era feita apenas pelo controle de desenvolvimento ponderal, que consistia em pesagens feitas em momentos estratégicos, mas sem considerar a genealogia dos animais”, conta a Superintendente de Registros da ANC, Silvia Freitas. Ela ressalta que no programa de melhoramento genético a grande vantagem é que se enxerga o potencial genético do pai e da mãe daquele indivíduo. “Então o Promebo veio revolucionar neste sentido”, celebra.
O trabalho de Fries iniciou em 1973 com a coleta de dados de 352 animais de duas propriedades. Os primeiros a abrirem a porteira para a semente do Promebo foram João Vieira de Macedo Neto, da Estância Santo Izidro (hoje Cia. Azul), e Ignácio Bicca de Freitas e Ciro Manuel Bicca de Freitas, da Cabanha São Marcos. Ao todo, foram 27 produtores que se disponibilizaram a terem o gado avaliado dentro da tese de Mestrado “Sugestões e bases para um programa de controle de produção de gado de corte, a nível de fazenda no Rio Grande do Sul”, defendida em 1974, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Cerca de 20 anos atrás, o próprio Luiz Alberto Fries, em entrevista para uma revista especializada, destacou a importância da parceria com Macedo, da Santo Izidro, para a criação do Promebo. “A gente só conseguiu testar o Promebo lá, inclusive a sua fase de sobreano, porque os animais nascidos na primavera de 1972 já possuíam, todos, os dados necessários tomados na sua desmama, no outono de 1973. Ou seja, o Macedo já vinha fazendo o seu Promebo interno. O mais importante, foi ele quem propôs e provocou a co-participação da ANC, Ufrgs e Farsul, para dar início ao Promebo”, revelou.
A superintendente da ANC destaca que 50 anos do Promebo é um marco histórico para um programa que evoluiu ano a ano e que, depois do ingresso da tecnologia, teve mais ferramentas entregues aos pecuaristas. “Ao longo destes 50 anos, inúmeros rebanhos foram aderindo ao programa e isso foi dando, cada vez mais, consistência às avaliações, porque a gente tem um número de animais significativos sendo comparados, a gente permite dessa forma que as pessoas consigam descartar e reter os animais menos e mais produtivos, respectivamente, com mais precisão”, explica Silvia.