O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto percentual, de 11,25% para 10,75% ao ano. Esta é a sexta queda consecutiva e a menor em dois anos. Até aqui, pouca surpresa pois era justamente o comportamento esperado pelo mercado. O que surpreendeu foi a sinalização de que fará apenas mais um corte da mesma magnitude na próxima reunião. Já nos Estados Unidos, o Federal Reserve decidiu por manter a taxa entre 5,25% e 5,5% ao ano, mas sinalizou a possibilidade de cortes nos próximos meses.
“Esta Super Quarta não tinha nada de ‘super’. O que nós esperávamos já era certo. O Copom, no Brasil, e o Federal Reserve, nos Estados Unidos, executaram exatamente o que nós prevíamos. O cenário está absolutamente estável: o cenário dessas economias, nesse eixo Europa e Américas, está bem estável, mas isso não significa ‘bom’. Eu acho que ainda tem uma redução de inflação a ser buscada e algumas coisas no horizonte que deixam uma dúvida”, diz o economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano.
Para ele, é preciso observar que, se não houver nenhum agravamento de conflito global que puxe, estimulem problemas logísticos que gerem inflação, que mexam com o petróleo, o Brasil vai seguir reduzindo os juros. “Mas, ao que parece, o ritmo da redução será mais rápido, em comparação ao ritmo dos Estados Unidos – e por conta disso não conseguirão se mover, vão encontrar a limitação dos juros americanos”, diz.
O Copom enfatizou, em seu comunicado desta quarta-feira, 20, que o ambiente externo segue volátil e, portanto, ainda exigindo cautela por parte de países emergentes. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”, ressaltaram os membros do Comitê no documento.
Para Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, o fato de citarem que esperam mais um corte de juros na “próxima reunião” no singular e não no plural deixa um clima de incerteza do que pode acontecer nas próximas reuniões. “Mas também penso que pode ser apenas uma forma de comunicar para que o governo mantenha os objetivos fiscais. Penso que há sim espaço para cortes de mesma magnitude”, comenta.
O comunicado mostra que o processo de desinflação em curso, com a inflação ao consumidor em uma trajetória decrescente e as expectativas de inflação para 2024 e 2025 situando-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente, alimenta minha confiança de que estamos no caminho certo para alcançar um ambiente econômico mais estável e previsível. Isso é fundamental para fomentar investimentos e o consumo, pilares para o crescimento sustentável.