O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), caiu 0,6% em dezembro de 2023, relativamente a novembro. Foi a segunda queda consecutiva e a sétima redução no ano passado. O resultado colocou a atividade 12,3% abaixo do pico de agosto de 2022, quando o setor inverteu uma tendência de alta e passou a cair, e 1,6% acima ao anterior à pandemia, taxa, porém, que recuou bastante pois já foi de 15,9% há 17 meses.
“Os resultados dos indicadores industriais do ano passado mostram que o cenário econômico doméstico foi muito desfavorável ao setor, com a combinação de incerteza por conta da situação fiscal do País e a uma política monetária contracionista, mantendo baixa a confiança dos empresários. Isso afetou os investimentos, impactados também pelas indefinições sobre o novo arcabouço fiscal e da Reforma Tributária”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, reforçando que a demanda externa também contribuiu, com as exportações industriais caindo 4,9%.
A queda do IDI-RS no último mês do ano resultou de comportamentos distintos de seus componentes. Caíram o faturamento real (-1,5%), as horas trabalhadas na produção (-1,9%) e a massa salarial real (-3,2%). Cresceram as compras industriais (1,2%), a utilização da capacidade instalada (0,4 ponto percentual) e o emprego (0,2%). Na comparação com o mesmo mês de 2022, o IDI-RS desabou pela 12ª vez consecutiva, 9,5%, a maior queda do ano. Isso levou o índice a uma retração de 5,6% no acumulado dos 12 meses de 2023, o quarto pior resultado anual em 32 anos de pesquisa, superando apenas os de 2009 (-13%), de 2015 (-9,4%) e de 2016 (-5,9%).
PERDAS GENERALIZADAS
A indústria gaúcha registrou perdas generalizadas em 2023: atingiu cinco dos seis componentes do IDI-RS e 12 dos 16 setores pesquisados. Entre os primeiros, destaque para as compras industriais, queda de 14,8%, e para o faturamento real, 7,2%, além das horas trabalhadas na produção, recuo de 3,5%, da utilização da capacidade instalada, 3,3 pontos percentuais, e do emprego, que retraiu 0,8%. Somente a massa salarial real cresceu: 2,8%.
Do ponto de vista setorial, Máquinas e equipamentos (-8,1%), Veículos automotores (-7,5%) e Produtos de metal (-7,8%) contribuíram com os principais impactos negativos. Em 2023, o nível de atividade cresceu apenas nas indústrias de Bebidas (1,2%), de Tabaco (2,3%), de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4%) e de Móveis (4,3%).
Alguns eventos pontuais locais também ajudam a explicar a intensidade do desempenho negativo da indústria gaúcha em 2023. O setor de Refino de petróleo e biocombustível, por exemplo, registrou paradas programadas para manutenção, enquanto o de Produtos de metal foi impactado pela mudança na legislação sobre acesso a armas. E, por fim, o Estado foi atingido por eventos climáticos severos, secas e inundações, que afetaram operações, inclusive com paralisações de indústrias nas regiões mais atingidas.
As perspectivas para 2024 são relativamente positivas, mas dentro de um quadro ruim que já foi o ano de 2023. A herança estatística do último trimestre do ano passado é negativa (-2,1%), mas é esperada uma recuperação cíclica, ainda que parcial, após a queda intensa de 2023. Incapaz, porém, de recuperar as perdas da indústria gaúcha. O cenário considera uma redução da incerteza devido à maior clareza em relação às questões fiscais do País e a concretização da Reforma Tributária, além dos efeitos na redução da taxa de juros e da base de comparação baixa.