Conforme o dirigente, as cooperativas também tiveram reflexo em relação a estes prejuízos nas lavouras, o que pode trazer um pequeno recuo no faturamento das cooperativas no ano. “Os resultados são muito apertados. Além disso, houve baixas de preços também além da questão do clima. Isso é uma coisa que impactou bastante no resultado das cooperativas”, destaca.
Para o próximo ano, Pires afirma que a expectativa é grande porque, depois de dois anos, a perspectiva é de uma safra normal das culturas de verão. “Temos o milho com problemas, mas temos uma safra que vem melhor do que o ano passado, apesar das questões como bactérias, falta de luminosidade, o que acarretou em falhas. E a safra de soja nós estamos com muita confiança. Acabamos de plantar soja dentro de uma condição ideal. Vamos torcer para que essa questão do fenômeno El Niño não exista e não haja aquele excesso de chuvas como houve no passado”, ressalta, acrescentando ainda que a resiliência do produtor gaúcho é fantástica nos momentos de adversidade. “Ele toma essas pauladas todas e ainda olha para a frente, como, por exemplo, na safra de inverno, onde nós já estamos programando a próxima safra. Essa resiliência é que dá essa garra, essa tenacidade do produtor”, completa.
Durante o ano, a FecoAgro/RS também atuou em diversas frentes junto às cooperativas. Segundo o presidente, uma delas foi em relação às mudanças significativas sobre o crédito. “Com essas questões de mudança de governo, algumas coisas nós conseguimos mudar e isso é muito bom, porque isso é fundamental. Esse capital de giro em nome do produtor que as cooperativas têm é imprescindível. Muitas cooperativas têm desafios de estrutura tentando crédito e o crédito não é abundante, não é farto, e a gente está sempre batalhando por isso”, frisa
Outro tema preocupante, de acordo com o presidente da FecoAgro/RS, é a questão da mudança da matriz tributária do Rio Grande do Sul. “É uma questão que nos pegou de surpresa pois, de certa forma, há pouco tempo foram feitos ajustes em função da mudança tributária nacional. As cooperativas estão envolvidas nesse processo, que é complexo. A gente está debatendo, negociando com o governo do Estado, com as secretarias, com os técnicos, para ver uma saída menos onerosa para a produção no Rio Grande do Sul. As cooperativas organizam a produção dos nossos associados e tentam em uma cadeia altamente competitiva dar valor à safra dos nossos produtores. É nesse sentido que nós estamos trabalhando e por isso que muitas vezes nós não podemos aceitar algumas medidas que infelizmente nos tiram competitividade e, de certa forma, temos dificuldade de competir com agentes externos”, explica.
O dirigente também reforça a luta pela bandeira ambiental, onde as cooperativas estão engajadas. “Só não podemos ser rotulados e dizer como nós temos que fazer e o que nós temos que fazer através de uma imposição internacional e principalmente de continentes que não cumpriram a sua missão de preservar o meio ambiente. Nós temos produzido, não existe ninguém mais interessado do que as cooperativas e os produtores na preservação climática, mas nós dependemos do clima”, enfatiza o presidente da FecoAgro/RS.
Pires recorda também de um encontro com grande presença dos presidentes das cooperativas associadas realizado no Paraná para visitar as cooperativas daquele Estado e gerar conhecimento e troca de informações. “Diferente de nós, eles nunca tiveram estiagem e alcançaram essa expansão de área para o Mato Grosso e até ao Paraguai, o que ajudou muito no seu crescimento. E a gente foi olhar isso lá com presença maciça dos nossos presidentes”, ressalta. Além disso, destaca a importância dos eventos promovidos pelas cooperativas associadas, como a Expoagro Cotricampo e a Expodireto Cotrijal, que foram sucesso em 2023 e têm grandes expectativas para 2024.