O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre recuou, novamente, em novembro, entre as pessoas físicas. O percentual de adultos com restrição em crédito, cheque e protesto, somou 30,43% para o Rio Grande do Sul e 33,25% para Porto Alegre no mês. Houve retração de 0,10 ponto percentual e 0,25 ponto percentual em relação a outubro, respectivamente. Embora os resultados constituam a mínima registrada desde março, os números permanecem elevados, especialmente na comparação com o mesmo período de 2022 (29,42% no Estado e 31,76% na Capital).
Hoje, 2,61 milhões de gaúchos e 357,4 mil porto-alegrenses estão negativados, conforme proporção atualizada da população com 18 anos ou mais, conforme o Censo do IBGE de 2022, em ambas as localidades: decréscimo de 8,58 mil no RS e 2,69 mil na Capital, no confronto com outubro. O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, destaca que alguns elementos presentes na conjuntura provavelmente vêm contribuindo para o declínio lento e gradual observado na inadimplência da população.
MERCADO DE TRABALHO
Em primeiro lugar, a dupla combinação entre o mercado de trabalho relativamente apertado – desemprego em patamares baixos para os padrões históricos – e desaceleração da inflação estão por trás da expansão real da massa de salários.
“Por sua vez, entendemos que o processo de queda da Taxa Selic ganha força como causa explicativa do fenômeno, não só pela sua extensão como pela sua intensidade”, completa Frank. Como a política monetária opera com defasagem sobre a economia, os impactos do movimento iniciado em agosto ainda produzirão consequências em meados de 2024, que se somarão posteriormente aos efeitos dos cortes determinados pelo COPOM desde então.
Por fim, é necessário enfatizar o papel do “Desenrola Brasil”, do Governo Federal. De acordo com o levantamento do Executivo divulgado para a Fase 2 entre 09/10 e 03/12, 90.282 contratos de 41.621 CPF’s no Rio Grande do Sul foram alvo de renegociação. O valor pregresso das dívidas, de R$ 212,102 milhões, diminuiu para R$ 29,914 milhões (desconto médio de 85,9%), sendo 17,2% à vista e 82,8% parcelado. Já para POA, o montante dos débitos em atraso, originalmente em R$ 40,383 milhões, caiu para R$ 5,314 milhões (-86,8%).
A prorrogação para março de 2024 e a flexibilização adicional dos critérios para participação do “Desenrola”, além da continuidade do ciclo de redução dos juros, são dois dos principais vetores positivos para o futuro. No caso específico do Rio Grande do Sul, a expectativa de recuperação cíclica do PIB, puxada por uma safra de grãos próxima ao normal e pela indústria, tende a colaborar também. No entanto, a confluência desses fatores não deve gerar baixa vertiginosa nem regular da inadimplência.