Fiergs traça cenário de incerteza para a economia em 2024

Projeções têm como base preços de commodities, conflitos e contas públicas brasileiras

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A economia brasileira terá um crescimento menor em 2024, com o Produto Interno Bruto (PIB) tendo um desempenho de 1,5% positivo, comparado com a estimativa de 2,8% em 2023. Associado a isto, a inflação deverá girar na casa dos 4,1%, contra os 4,6% deste ano, com menor crescimento do número de empregos, mas equilíbrio na taxa de desemprego com uma variação do dólar chegando a R$ 5,08 ao final do próximo ano. O cenário foi traçado pela área de economia da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) durante coletiva com a imprensa nesta quinta-feira, 30.

No estudo apresentado por Giovani Baggio, economista chefe da Unidade de Estudos Econômicos da Fiergs, as projeções feitas revelam recuo na maioria dos indicadores, em especial na variação o PIB, que não terá o excelente desempenho apresentado pela agropecuária em 2023, com crescimento de 14,5%, e chegando apenas a 0,5% de alta nos próximos 12 meses. Pelo estudo, o setor de serviços sairá de uma alta de 2% este ano para 1,7% em 2024. O resultado projetado será levemente salvo, pelo desempenho da indústria, que vai variar de 1,2% este ano para 1,3% no ano que vem.

A geração de empregos também deverá sofrer, em função do desempenho do PIB, um recuo dos 1,5 milhão projetados para este ano, chegando a 956 mil vagas em 2024, com a taxa de desemprego ficando em 7,6% no próximo ano. A parte positiva é a taxa Selic ficando em 9,5%, abaixo dos 11,75% estimado para 2023, e uma valorização do dólar chegando ao final do ano em R$ 5,08.

RIO GRANDE DO SUL

O cenário traçado pela Fiergs para o Rio Grande do Sul revela um crescimento de 4,7% do PIB, contra 2,5% deste ano, manutenção da taxa de desemprego de 5% embora a variação de empregos formais seja a metade (21 mil) da projetada para este ano (41 mil). No caso da arrecadação de ICMS, ela deve se manter na faixa dos R$ 46,8 bilhões, com as exportações totais em US$ 23 bilhões e próxima da projeção para este ano de US$ 22,3 bilhões.

Conforme a Fiergs, a Reforma tributária apresenta diversos pontos positivos e traz uma melhora considerável em relação ao sistema atual, mas ainda se encontra permeada por uma série de incertezas. Entre elas, potenciais novas modificações no texto, a pendência de pontos a serem definidos por meio de leis complementares como as alíquotas do Imposto sobre Valor Agregado – IVA.

Para a entidade, a elevação da alíquota do ICMS de 17% para 19,5% no Rio Grande do Sul terá impactos negativos sobre a economia gaúcha. Entre eles, a redução do consumo e risco de empresas migrarem para outros estados com condições tributárias mais favoráveis, resultando na perda de empregos e investimentos para outras regiões do país.

“Estamos numa certa escolha de Sofia. Se forem retirados os benefícios teremos prejuízos na economia gaúcha e não sabemos o que as empresas vão fazer. O aumento do ICMS em 2016 afetou margens de lucro e decisões de investir e reduziu as vendas. O fim da desoneração da folha e o aumento do Piso Regional criaram elementos adicionais de aumento da carga tributária e do custo do trabalho para a Indústria do Rio Grande do Sul”, comentou o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.