O mês de novembro marca o início do período mais acentuado do fenômeno El Niño, que deve durar até janeiro, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os especialistas apontam que há 90% de probabilidade de que o evento climático só termine em abril de 2024. Como consequência, os impactos na agricultura também podem ter reflexos negativos importantes nas safras de verão.
No caso da soja, uma das principais culturas do país, o excesso de chuvas nos estados do Sul resulta em aumento da lixiviação de nutrientes importantes do solo, entre eles cálcio, enxofre e boro. “Um dos agravantes dessa safra será a deficiência de boro, que tem papel fundamental na emissão das flores e, posteriormente, na alocação de compostos para o enchimento de grãos. Tudo isso terá reflexos no peso do grão e na produtividade como um todo”, alerta o engenheiro agrônomo Caio Kolling, supervisor técnico da MaxiSolo, divisão de nutrição vegetal da empresa catarinense SulGesso. “É por isso que, este ano, o produtor deve considerar fazer suplementação por cobertura”, acrescenta.
A suplementação é uma forma de repor os nutrientes, minimizando os danos provocados pelas perdas no solo e, por consequência, na planta. Composto por duas dinâmicas de liberação – uma mais rápida e outra gradual-, SulfaBor é um fertilizante mineral misto, com ação multinutricional que oferece, além do boro, cálcio e enxofre na forma de sulfato. Desenvolvida pela MaxiSolo, a tecnologia fornece os nutrientes no início, meio e fim da cultura. Estudos realizados pela equipe da MaxiSolo revelam uma tendência de incrementos em produtividade, que varia de 4 a 11 sacos por hectare de soja, trigo, milho e cevada.
Eficiência da liberação gradual – Segundo Kolling, as perdas são variáveis e as fontes mais rápidas de boro têm maior tendência para a lixiviação. “O boro é um micronutriente que se perde com facilidade, podendo acarretar em diminuição de produtividade, vemos que SulfaBor reduz significativamente essas perdas”. Ele relata estudos realizados pelo Núcleo de Inovação e Pesquisa da SulGesso (NIPS), empresa referência na industrialização e comercialização de sulfato de cálcio no Sul do Brasil. “Liberamos SulfaBor em colunas com perfil de solo e simulamos chuva, em laboratório. Percebemos que, com 450 mm de chuva, ainda há liberação de boro pelo nosso grânulo. Isso significa que, com a liberação gradativa, a dissolução do grânulo é mais controlada. Com outras fontes, a perda já ocorre com menos da metade dessa precipitação. Concluímos que a variação de boro é tão grande que toda safra necessita uma suplementação anual de boro, na manutenção do solo”, assegura Kolling.
Aplicação também no pós-plantio – Caio Kolling explica que as aplicações podem ser feitas mesmo após o plantio. “O produtor que semear soja agora ainda pode aplicar essa tecnologia até o estágio V4, é uma janela de 15 a 20 dias que pode fazer, sim, muita diferença”. E detalha os benefícios da liberação controlada dos nutrientes. “A grande vantagem é que esse processo ocorre no período certo. Se a liberação do nutriente for muito rápida, haverá risco de lixiviação. Da mesma forma, a lentidão também será prejudicial, como é o caso de fontes concentradas, em formas não prontamente disponíveis. É preciso pensar na manutenção dos cultivos durante todo o ciclo”. Quanto ao volume a ser aplicado, Kolling aponta que se trabalha em cima de cada situação de solo e de planta, sendo que as melhores respostas acontecem entre 0,75 kg/ha e 1,25 kg/ha de boro para grãos e cereais.