Em seminário realizado de forma híbrida, sendo a parte presencial na sede da Embrapa em Bagé (RS) e virtual por meio dos canais da Embrapa e da Angus, foi discutido o desenvolvimento e a utilização de índices bioeconômicos visando a seleção de animais para o melhoramento genético da raça Angus. O evento teve a promoção da Embrapa Pecuária Sul, Associação Brasileira de Angus e Universidade Federal do Pampa.
A primeira apresentação foi feita pelo pesquisador norte-americano Michel MacNeil, considerado um dos maiores especialistas do mundo em melhoramento genético de bovinos. O pesquisador apresentou dados exemplificando como a utilização de indicadores possibilitaram o aumento da produtividade nos Estados Unidos. Segundo MacNeil, o objetivo da seleção de animais a partir de índices econômicos é aumentar a renda do produtor e cada característica melhorada tem um impacto diferente no resultado obtido pela propriedade.
O pesquisador também falou do trabalho que está realizando no Brasil, em conjunto com a Embrapa e a Angus, e que visa a incorporação de novos índices no programa de melhoramento genético da raça no país. Nesse sentido está sendo desenvolvido um índice bioeconômicos que poderá ter impacto econômico na seleção dos reprodutores, como contagem de carrapatos, valores de carcaça, requerimentos nutricionais dos rebanhos, eficiência alimentar e emissão de metano. O objetivo é disponibilizar esse índice em forma de DEPs (Diferença Esperada na Progênie) que será agregado aos sumários da raça, aumentando o número de ferramentas para a seleção da raça oferecida ao produtor.
Já o professor da Unipampa, Ricardo Oaigen falou sobre o trabalho que ele e equipe realizam visando a avaliação comparativa de propriedades de pecuária no estado do Rio Grande do Sul. Segundo o professor, o Grupo de Trabalho Pecuária do Amanhã (GPTA), criado há oito anos, utiliza ferramentas de benchmarketing para disponibilizar aos produtores informações que contribuam para a melhoria da gestão da propriedade e também da lucratividade com a atividade. Segundo ele, fazem parte desse trabalho 20 propriedades e são coletados dados de 34 indicadores agrupados em quatro grupos: reprodução, sistemas de produção, recursos humanos e financeiros. “O benchmarketing possibilita a comparação de empresas de um mesmo ramo, e como estamos coletando informações há bastante tempo, já temos um banco de dados robusto para contribuir com a profissionalização dos empreendimentos rurais de pecuária”, ressaltou.
A última palestra do seminário foi apresentada pelo pesquisador e diretor da BioData, Gabriel Campos que abordou a seleção para a eficiência de produção de bovinos com auxílio da genômica. De acordo com ele, uma das características em que a genômica pode contribuir para acelerar os ganhos genéticos é a eficiência alimentar dos animais. “A eficiência alimentar é uma característica que tem muitos processos biológicos envolvidos e com uma base genética complexa”. Nesse sentido, o uso da genômica e de marcadores moleculares pode ser uma forma de acelerar o ganho genético e obter maior acurácia no processo. Campos falou ainda de um novo projeto que está envolvido e que visa a avaliação genética para longevidade.
Após a palestra, foi realizada uma mesa redonda, mediada pelo pesquisador e Chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso. Para o pesquisador, o debate é importante para a avaliação de novas características para a seleção de animais no programa de melhoramento genético da raça. Já o Gerente de Fomento da Angus, Mateus Pivato, destacou que a utilização de mais índices para a seleção de animais é um passo importante para o progresso genético da raça como um todo.