O Ministério das Relações Exteriores (MRE) comunicou nesta quarta-feira (1º) que o governo acredita que os 34 brasileiros e familiares que estão na Faixa de Gaza devem deixar a área “em breve”, a partir da fronteira com o Egito, de volta ao Brasil. O Itamaraty afirma que “confia que em breve serão contemplados com autorização para passagem por Rafah [na fronteira com o Egito]”.
“Os nomes foram informados desde 9 de outubro às chancelarias egípcia e israelense e às autoridades responsáveis na Faixa de Gaza”, escreveu o MRE em nota. Segundo o ministério, o governo tem mantido contato com as autoridades locais para retirar os brasileiros que estão na zona de conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
“Tanto o presidente Lula quanto o ministro Mauro Vieira têm realizado gestões em favor da saída dos brasileiros junto a diversas altas autoridades de Egito, Israel, Catar, a Autoridade Palestina e de outros países da região. As gestões continuarão a ser feitas até que se concretize a saída dos brasileiros retidos em Gaza”, ressaltou o órgão.
De acordo com o Itamaraty, os 34 brasileiros e familiares próximos continuam abrigados perto da fronteira com o Egito, em Khan Younes e Rafah. Por meio do Escritório de Representação em Ramallah, o Brasil alugou uma casa para mantê-los seguros, com itens básicos e atendimento de telemedicina.
“Veículos contratados pelo Itamaraty seguem de prontidão, à espera da autorização para o trânsito do grupo pelo terminal de Rafah e, na sequência, por território egípcio, até o aeroporto do Cairo, onde a aeronave da FAB aguarda para o voo de repatriação”, concluiu o MRE.
Fronteira aberta
A passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, foi aberta pela primeira vez para a saída de estrangeiros nesta quarta-feira (1º). O grupo de 450 pessoas autorizado a deixar a zona de guerra tem oito nacionalidades.
Segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, foram liberados para entrar no território egípcio cidadãos de Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca.
Há também 90 palestinos que estariam feridos e profissionais da Cruz Vermelha e de ONGs que atuam na região. Os brasileiros não foram incluídos nessa primeira lista. Israel permitiu apenas a entrada de caminhões carregados com água, comida e medicamentos até o momento. Existe temor de que a liberação da passagem de pessoas permita a entrada de terroristas do Hamas no Egito.
Jordânia
O voo com brasileiros repatriados decolou na manhã desta quarta-feira (1º) da Jordânia, com destino ao Brasil. São 32 passageiros a bordo, sendo 30 brasileiros, uma jordaniana e um palestino, ambos casados com brasileiros.
Antes da decolagem, o grupo precisou fazer uma viagem por terra da Cisjordânia até o Aeroporto Internacional Marka, em Amã, na Jordânia. A previsão de chegada da aeronave à Base Aérea de Brasília é na quinta-feira (2), às 5h30. Antes, haverá paradas técnicas na Itália, na Espanha e no Recife (PE).
A aeronave presidencial é usada na missão de resgate. Segundo o governo federal, são 11 homens, 10 mulheres e 11 crianças no grupo. Há entre eles seis idosos, dois deles cadeirantes.