A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça aceitou um recurso do Ministério Público e decidiu levar a júri popular um homem acusado de seis tentativas de homicídio contra policiais militares durante uma operação realizada, em abril do ano passado, em Rio Grande, no litoral Sul. Na época com 36 anos, a PM Laline Almeida Larratéa levou um tiro de raspão na cabeça, ficando com sequelas neurológicas graves que a mantêm, até hoje, afastada do trabalho.
Ao defender a derrubada da sentença de primeira instância, que havia negado o pedido de júri popular, a procuradora de Justiça Irene Soares Quadros destacou que a policial atingida sequer reconhece o marido e a filha. Ela argumentou, ainda, que quem atira na cabeça de uma pessoa mostra intenção de matar, mesmo que esteja agindo em defesa própria, como alega a defesa do réu. Pela tese do MP, cabe ao Tribunal do Júri analisar se houve dolo ou não.
Em junho deste ano, a Justiça em Rio Grande desclassificou a denúncia, de tentativa de homicídio para resistência, e determinou a soltura do réu. A sentença repercutiu entre autoridades como o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, que chamou o caso de “claro atentado à vida” dos militares. Embora tenham revertido a decisão, os desembargadores da 1ª Câmara mantiveram a liberdade provisória do acusado.
A policial com sequelas sofreu o disparo durante o cumprimento de 25 ordens judiciais contra uma facção de traficantes liderada por um apenado da Penitenciária Estadual de Rio Grande. O réu, Anderson Fernandes Lemos, se defendeu dizendo que pensou que os PMs eram criminosos rivais invadindo a moradia.
De acordo com os policiais, aos menos cinco tiros foram efetuados pelo criminoso contra um grupo de seis agentes. Ele já tinha antecedente por tráfico de drogas, furto e receptação.
Um helicóptero da Polícia Civil chegou a ser acionado para levar a PM à Santa Casa de Rio Grande. Até se recuperar, ela ficou 15 dias internada em coma induzido.