Rio Uruguai segue subindo na fronteira e previsão de mais chuva pode ampliar volume de famílias fora de casa

Desde sexta, número de desabrigados e desalojados triplicou

Foto: Juliano Romero Cabral

Triplicou, desde sexta-feira passada, o número de pessoas fora de casa na fronteira Oeste, em razão da cheia do rio Uruguai. As águas seguem muito acima do nível normal em ao menos três cidades da região, o que também ocorre nos afluentes. Na tarde desta terça, havia 3.426 pessoas desabrigadas ou desalojadas em Uruguaiana, Itaqui e São Borja, de acordo com a Coordenação Regional da Defesa Civil na fronteira Oeste e Campanha.

Em São Borja, havia 180 desabrigados, acolhidos pelo poder público, e 1,1 mil desalojados, em casas de amigos e parentes. Em Itaqui, eram 72 desabrigados e 969 desalojados e, em Uruguaiana, 215 e 890, respectivamente. Na sexta, os três municípios tinham 1.121 pessoas fora de casa.

Em Itaqui, tratores removeram 94 casas volantes das zonas ribeirinhas, onde vivem famílias que, em geral, sobrevivem da pesca e de outros serviços ligados ao rio. O nível chegou a 12,50, mais de quatro metros acima da cota de inundação. Em Uruguaiana, onde o manancial segue subindo, a Defesa Civil também removia, na tarde desta terça, famílias com casas atingidas pela cheia. O nível atingia 11,65m, no fim da tarde, para uma cota de inundação de 8,50m. Brigada Militar, Guardas Municipais e Corpo de Bombeiros prestaram auxílio nessas operações. Em São Borja, o Uruguai media 13,35m, para uma cota de cheia de 9m.

O coordenador regional da Defesa Civil, capitão Sandro Martins, explica que a previsão de mais chuva na região preocupa, já que pode fazer com que a água acumulada dos afluentes leve o Uruguai a transbordar.

A Defesa Civil orienta que famílias que morem perto dos rios ou que notem o avanço da água entrem em contato com as instituições que atendem a população, saindo de casa antes que aconteça a inundação.

Nesta terça, a Sala de Situação do governo do Estado emitiu um aviso de formação de baixa pressão no oceano aliada a uma frente fria, o que gera condições para chuvas moderadas a pontualmente fortes, acompanhadas de trovoadas, especialmente nas regiões Noroeste, Norte e Nordeste do Rio Grande do Sul. Como o Uruguai também cruza o Noroeste, o temor é de que mais água desça em direção à fronteira.

Na tarde dessa segunda-feira, a ponte que liga Itaqui a Uruguaiana, única conexão direta entre as cidades, teve de ser fechada em função do transbordamento do rio Ibicuí, que invadiu a BR-472. O trecho costuma ser utilizado para o transporte de cargas ligando Brasil, Argentina e Chile. Existem dois desvios possíveis – o primeiro, por terras brasileiras, o que aumenta o trajeto em quase 500km, saindo pelo Norte, passando por São Borja, Santiago, Manoel Viana e Alegrete; e o segundo pela Argentina, o que exige documentação estrangeira, como a Carta Verde e documento de identidade atualizado.