Moradores das ilhas de Porto Alegre buscam recomeço após enchente deixar ruas

Guaíba na Capital atingiu neste começo de semana nível mais baixo em 50 dias

Foto: Maria Eduarda Fortes/Correio do Povo

A vida nas ilhas de Porto Alegre começa a normalizar gradualmente, depois das enchentes persistentes que causaram transtornos aos moradores por mais de 50 dias. A inundação já não era mais visível nos habituais pontos de alagamentos na manhã desta terça-feira, porém dava lugar à sujeira e ao lodo nas áreas de asfalto e a enormes buracos repletos de água barrenta em vias como a Nossa Senhora Aparecida, a principal da Ilha Grande dos Marinheiros. Os habitantes aproveitavam para limpar suas moradias e as calçadas.

Miguelles diz também acreditar que parte do problema pode ser atribuído à própria Administração; no entanto, grande parcela de culpa é da população que não tem esta consciência. “A Prefeitura estava aqui arrumando, ainda que tenha coisas a serem feitas. Isso aqui vai ser asfaltado, já tem projeto para isto. Depois da última enchente, essa que só ficou atrás da de 1941, a gente via muita casa, pedaços de madeira, cavalos amarrados em árvores descendo rio abaixo”, conta o morador, cuja residência ficou comprometida, bem como uma plataforma na residência vizinha quase foi levada pelas águas.

Na Ilha da Pintada, o pescador aposentado Darci da Silva Rodrigues aproveitava para limpar a frente de sua casa, na rua Nossa Senhora da Boa Viagem. “Tem muito barro ainda aqui acumulado. Se não limpar, para sair de casa é pior depois”, observou ele. Ali próximo, na sede da Colônia de Pescadores Z-5, segue hoje com a distribuição de 8 mil kits de xampu e condicionador, em um total de 12 paletes, aos moradores em geral do Arquipélago.

Após quase 20 dias, o sistema de monitoramento dos níveis dos rios da Agência Nacional de Águas (ANA) voltou ao ar na última segunda-feira, e, na manhã de hoje, mostrava o Guaíba no Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, com 1,91 metro, próximo do nível mais baixo desde a madrugada do dia 6 de setembro. Procurada para comentar a respeito dos buracos na via, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informou, em nota, que a situação é similar à da rua do Pescador, na Ilha das Flores, que gerou protestos dos moradores na BR 116 na noite de segunda.

“Devido às condições climáticas e a via ter ficado alagada com a inundação do rio Jacuí, o patrolamento foi adiado. O serviço foi iniciado na segunda-feira e continuará nos próximos dias”, afirma a nota da SMSUrb. A secretaria prossegue dizendo que, em vias alagadas, tal serviço não é viável, mas que a Prefeitura estuda a viabilidade técnica de utilizar outro tipo de pavimento no local. Observa, contudo, que “esta é uma demanda complexa, pois a rua fica na beira do rio e quando o nível das águas sobe, acaba invadindo o pavimento e prejudicando as condições da via”.