Inadimplência tem nova alta em setembro, aponta Fecomércio-RS

Indicador encerrou o mês com 96,3% do total de famílias da amostra

Foto: Marcos Santos / USP Imagens / CP

O percentual de famílias endividadas no Rio Grande do Sul registrou leve queda em setembro, muito próximo da estabilidade na comparação com agosto quando chegou ao máximo da série histórica (96,6%). Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS) da Fecomércio-RS, o indicador encerrou o mês com 96,3% do total de famílias da amostra e, na comparação com setembro de 2022, houve alta (94,1%).

Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, o percentual de endividados atingiu 97,9%, o pico da série para essa faixa de renda. Entre as famílias com renda com mais de 10 salários mínimos,, houve queda do percentual de endividados que passaram de 92,5% para 89,7% de agosto de 2023 para setembro de 2023.

PERCENTUAL ELEVADO

Ainda que o percentual de endividados seja bastante elevado, o percentual daqueles que se consideram “muito endividados” caiu em comparação ao mês anterior, indo de 29,2% para 27,5%. Contudo, comparado a setembro de 2022 (17,7%) é ainda bastante elevado. Por outro lado, a parcela da renda comprometida com o pagamento de dívidas passou de 26,4% em agosto de 2023 para 27% setembro de 2023. Em setembro de 2022 era de 21,9%. O tempo de comprometimento com dívidas, porém, se reduziu na comparação mensal e interanual, atingindo 6,6 meses. O menor prolongamento das dívidas pode se refletir num comprometimento maior da renda com o pagamento dessas dívidas.

O percentual de famílias com contas em atraso atingiu 41,2%. Em agosto de 2023, era de 39,7% e, em setembro de 2022, de 37,8%. Esse indicador segue bastante elevado e é um sinal de alerta para riscos de inadimplência. Ainda que o contexto econômico atual tenha apresentado melhora em algumas variáveis importantes, as famílias continuam com muitas dificuldades para pagar suas contas em dia.

“Nos últimos meses, o mercado de trabalho melhorou, a inflação se comportou de forma mais benigna e os juros começaram a cair. Mas ainda não vemos isso se refletir nos números. Estamos ainda vivendo o rebote de um tempo em que o crédito se expandiu muito na economia brasileira, financiando as famílias que viam seus orçamentos estrangulados pela inflação. Até a situação se normalizar, o varejo e os serviços voltados às famílias não vão conseguir capturar plenamente os efeitos da melhora da conjuntura”, comentou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS. O tempo de pagamento com atraso foi de 36,4 dias, ficando estável na comparação com o mês anterior e apresentando redução interanual (39,8 dias).

O percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte de suas dívidas em atraso em 30 dias foi de 2,6%. Esse percentual, apesar de baixo, aumentou pelo segundo mês consecutivo, ficando praticamente estável na comparação com o ano anterior.