O diretor comercial da Empresa de Transporte Coletivo Viamão, Octavio Marcantonio Bortoncello, disse nesta segunda-feira, após a sessão pública de desestatização da Carris, que com a concessão da estatal seja possível deixar a operação em nível de excelência.
“Na nossa visita à empresa, a gente se deparou com pessoas maravilhosas, que realmente entendem do seu trabalho. Mas a estrutura de uma empresa pública imputa certas restrições operacionais, o que acaba dificultando que ela se transforme em viável economicamente. Com a ajuda desses profissionais que já estão lá, a gente vai conseguir deixar essa operação em nível de excelência, que é o que Porto Alegre espera de uma empresa de mais de 100 anos”, destacou. Ainda segundo Bortoncello, os profissionais dedicados e focados devem permanecer na empresa. Além disso, o nome Carris, segundo ele, não muda.
A Viamão, que vai assumir as linhas, ações, terrenos e ônibus da estatal por 20 anos, venceu o leilão de concessão com lance de R$ 109.961.560,00. A disputa ocorreu no auditório da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio, no Centro Histórico de Porto Alegre. O edital previa proposta comercial de, no mínimo, R$ 109 milhões. A Carris atende hoje o equivalente a 22,4% do sistema de transporte coletivo da capital.
A vencedora, fundada em 1953, conta com uma frota de 350 ônibus atuando em mais de 400 linhas metropolitanas e urbanas em Porto Alegre, Viamão e Alvorada.
Já a segunda empresa interessada, a Viação Mimo, de Várzea Paulista, em São Paulo, acabou desclassificada pela Secretaria da Fazenda por não ter apresentado a garantia da proposta conforme solicitado. Conforme o diretor comercial da companhia, Matheus Henrique Moreira, a Mimo deve recorrer da decisão, explicando o possível erro.
“A gente vai estudar certinho ali agora, mas a modalidade de garantia que a gente apresentou foi uma caução de título da dívida pública, que é uma a modalidade diferente”, explicou. A empresa emitiu o título, conforme Moreira, com auxílio da XP Investimentos, para a qual a Mimo vai pedir apoio na elaboração do recurso,
Presente à sessão, o prefeito Sebastião Melo admitiu que torcia por valores superiores, mas lembrou que o edital precisa ser respeitado.
“Cento e dez milhões de reais é a desestatização da Carris, se tivesse mais concorrência, podia ser 200 [milhões de reais], 300 [milhões de reais], 1 milhão [de reais] a mais. Bom, mas o processo foi aberto, habilitaram duas, uma foi desclassificada pela questão da garantia. É a regra do jogo, o edital é a regra do jogo”, afirmou.
O resultado vai ser publicado no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa), em até 15 dias, com prazo para recurso.