Os reservatórios das usinas hidrelétricas do Brasil devem encerrar o período de seca, em outubro, com o melhor patamar desde 2009, segundo estimativa do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Ao mesmo tempo, a expectativa é de um aumento de 6,2% na carga de energia do SIN (Sistema Interligado Nacional) e em todos os subsistemas, com a possibilidade de o décimo mês do ano apresentar temperaturas médias mais elevadas.
A demanda de energia, que passou a crescer há alguns meses, tem sido elevada especialmente no último mês em razão das altas temperaturas registradas em todo o país, o que levou a um maior uso de aparelhos de ar condicionado e outros equipamentos de refrigeração pelos consumidores.
Em setembro, que registrou calor com temperaturas recordes, a demanda deve fechar o mês com alta de 5,8% em relação ao mesmo período de 2022.
“Tivemos um período de forte elevação da demanda por carga, e a resposta do SIN a esse crescimento foi positiva, com a garantia de atendimento. Estamos atentos aos próximos meses, em especial o período do verão, cujas temperaturas médias devem ser mais elevadas. Mesmo assim, temos um cenário geral favorável, com os reservatórios em bons níveis. A perspectiva é que, quando entrarmos na estação chuvosa, estaremos numa situação bem mais confortável que a de anos anteriores”, diz Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.
Nesta sexta-feira (29), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) manteve a bandeira tarifária verde acionada para outubro. Com a decisão, as contas de luz continuam sem cobrança adicional no próximo mês.
O nível foi mantido, segundo a agência, devido às condições favoráveis de geração de energia no país. Com os reservatórios das usinas hidrelétricas cheios, por causa das chuvas, não é necessário acionar fontes mais caras, como as termelétricas.
“A energia gerada está mais barata. Tem chovido mais nos reservatórios, e aí podemos contar com as hidrelétricas, que possuem um custo de geração mais baixo do que outras fontes. Isso sem falar do avanço das usinas eólicas e solares, sobretudo no Nordeste do país”, disse o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, em nota.
“A energia gerada está mais barata. Tem chovido mais nos reservatórios, e aí podemos contar com as hidrelétricas, que possuem um custo de geração mais baixo do que outras fontes. Isso sem falar do avanço das usinas eólicas e solares, sobretudo no Nordeste do país”, disse o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, em nota.
Situação nas regiões
A informação sobre a situação dos reservatórios é do boletim do Programa Mensal de Operação da semana entre 30 de setembro e 6 de outubro, que apresenta as perspectivas para a Energia Natural Afluente no fim de outubro, mês que encerra o período tipicamente seco.
A mais elevada é projetada para o subsistema Sul, com 188% da Média de Longo Termo (MLT), seguido pela região Sudeste/Centro-Oeste, com 76% da MLT.
O índice projetado para o Sul é o mais alto para o mês desde outubro de 2015, quando foi de 227% da MLT. As regiões Norte e Nordeste devem atingir 59% e 50% em 31 de outubro, respectivamente.
A expectativa para a demanda de carga é de expansão no SIN (Sistema Interligado Nacional) e em todos os subsistemas. A possibilidade de que o décimo mês do ano apresente temperaturas médias mais elevadas é uma das razões para esse comportamento. Para o SIN, o crescimento da carga é estimado em 6,2% (77.474 MWmed).
A aceleração mais expressiva deve ser verificada na região Norte, com 10,6% (7.700 MWmed), seguida pela Sul, com 7,3% (12.940 MWmed), e pela Sudeste/Centro-Oeste, com 6,2% (44.144 MWmed).
Por fim, para o Nordeste a perspectiva de aceleração é de 3,0% (12.690 MWmed).
Os percentuais comparam os resultados projetados para o fim de outubro de 2023, ante o mesmo período do ano passado.
Três subsistemas têm níveis estimados de Energia Armazenada (EAR) superiores a 60% para o fim de outubro: Sul (95,8%), Sudeste/Centro-Oeste (66,5%) e Nordeste (61,3%).
Outubro é o mês de encerramento do período tipicamente seco, o que torna os resultados mais relevantes. Se o indicador do Sudeste/Centro-Oeste, região que concentra 70% dos reservatórios mais relevantes para o SIN, se confirmar, será o melhor outubro desde 2009 (69,2%) e 17 pontos percentuais superior ao de outubro de 2022. Para o subsistema Norte, a previsão é de 57,6%.
Em abril de 2021, o Brasil registrou a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, com o volume útil dos reservatórios em menos da metade da previsão para este ano. Para evitar o desabastecimento, o governo ativou as usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes.