O número de registros de inadimplentes recuou 1,6% em agosto contra o mês anterior, segundo dados da Boa Vista, uma companhia Equifax, que abrangem todo território nacional. O resultado ocorre após a queda de 0,5% em julho e contribui para o recuo de 2,0% do indicador no trimestre móvel encerrado em agosto, contra o trimestre imediatamente anterior, de março a maio na série dessazonalizada.
Entretanto, subiu 4,3% em agosto na comparação interanual e fechou o trimestre móvel com elevação de 5,3% contra o mesmo período do ano passado. O crescimento do indicador na análise acumulada em 12 meses continua desacelerando, passou de 18,8% em julho para 16,8% na aferição atual, e é esperado que essa tendência seja mantida nos próximos meses. Com relação ao resultado do acumulado no ano de 2023, o indicador registrou aumento de 10,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Também houve desaceleração nesta base de comparação, tendo em vista que em julho o resultado da análise acumulada no ano era de alta de 11,9%.
“O indicador recuou mais uma vez na comparação mensal e isso praticamente coloca o número de registros num novo ciclo. As expectativas que tínhamos ao longo do 1º semestre estão se confirmando, a desaceleração do indicador é mais evidente e essa tendência deve ser mantida em função, por exemplo, dos bons números de emprego, o mercado de trabalho tem se mostrado bastante resiliente, mesmo num cenário de juros mais restritivos, e a economia também”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.
RECUPERAÇÃO
O Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 1,9% na comparação mensal, mas encerrou o trimestre móvel com leve recuo de 0,4% de acordo com dados dessazonalizados. Já em relação ao mês de agosto do ano passado, houve mais um aumento robusto de 23,2% e isso contribuiu para manter a curva de longo prazo do indicador em ritmo acelerado: o crescimento da recuperação de crédito passou de 19,6% para 20,1% entre os meses de julho e agosto na análise acumulada em 12 meses. No acumulado do ano a Recuperação de Crédito também acelerou seu ritmo de crescimento e apresentou elevação de 17,6% contra o mesmo período de 2022. “Não podemos desconsiderar o efeito do ‘Desenrola’ no crescimento dos números de recuperação, ainda mais num momento em que os registros não crescem mais como antes. Quando o programa teve início em julho era esperado que o crescimento de longo prazo do indicador de recuperação fosse impulsionado e superasse o de registros, isso aconteceu logo no mês de julho e se confirmou agora em agosto. Cerca de R$ 12 bilhões em dívidas já foram renegociados até aqui, em julho, especificamente, foram R$ 2,5 bilhões, ou seja, a maior parte desse valor foi em agosto”, finaliza o economista da Boa Vista.