Guaíba atinge maior nível em 82 anos; Prefeitura isola portões com 190 toneladas de areia

Abrigo alagou, ilhas ficaram sem água e trechos da orla foram interditados nesta quarta-feira

Foto: Joel Vargas/Gabinete do Vice-Governador

O Guaíba atingiu, no fim da manhã desta quarta-feira, 3,18m no Cais Mauá – marca mais expressiva desde 1941, quando as águas chegaram a 4,75m, invadindo o Centro Histórico da capital. O nível supera os 3,13m de 1967, batendo um recorde de 82 anos e forçando o fechamento de todas as comportas do Dmae, com reforço de sacos de areia. O prefeito Sebastião Melo acompanhou esse trabalho na comporta 4 do Cais Mauá.

Para amenizar os efeitos da cheia, a prefeitura ampliou as alternativas de acolhimento à população ribeirinha. A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) registra 180 abrigados em quatro espaços provisórios, dois deles abertos recentemente.

A Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros, teve de ser esvaziada, já que também alagou. O ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) recebeu parte das pessoas que permaneciam na escola. Outras famílias foram levadas ao Instituto Educacional Infantil ABCB São Francisco, no bairro Ponta Grossa. A Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada, e o Centro Social Padre Pedro Leonardi, na Restinga, seguem abertas e acolhendo quem teve de sair de casa.

Agentes da Defesa Civil permanecem mobilizados na remoção dos moradores das áreas de risco, em especial na Região das Ilhas. A operação mobiliza, ainda, agentes do Corpo de Bombeiros e da Brigada Militar. O acesso aos abrigos deve ser solicitado pelo telefone 199.

190 toneladas de areia

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) monitora a elevação do Guaíba. As comportas, que permanecem fechadas desde a noite da terça-feira, foram reforçadas com 190 toneladas de areia, distribuídas por meio de sacos em toda a extensão do Cais Mauá.

Ilhas com abastecimento interrompido

A Estação de Tratamento de Água (ETA) Ilhas, localizada na Ilha da Pintada, teve de ser paralisada em decorrência do risco de choque elétrico imposto pelos alagamentos na região. Ainda não há previsão de retorno da operação da unidade, que abastece todo o bairro Arquipélago.

Orla interditada

A Orla do Guaíba está parcialmente interditada nos trechos 1 e 3 e o agendamento de equipamentos esportivos, suspenso. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) recomenda que a população evite circular na área até o recuo da água.

Onde pedir ajuda 

Em caso de dúvidas e emergências, ligue para a Defesa Civil (199) ou Corpo de Bombeiros (193). Os serviços da prefeitura podem ser solicitados por meio do sistema 156 (telefone, site e aplicativo).

Onde doar

São solicitados alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal e de limpeza, além de rações para gatos e cães. Os donativos podem ser entregues no Centro Administrativo Municipal, na rua Gen. João Manoel, 157 – Centro Histórico, no térreo, das 9h às 17h, até sexta-feira, 29.

Maiores cheias do Guaíba:

1873 – 3,5 metros
1914 – 2,6 metros
1928 – 3,2 metros
1936 – 3,22 metros
1941 – 4,75 metros
1967 – 3,13 metros
1984 – 2,60 metros
2015 – 2,94 metros
2016 – 2,65 metros
2023 – 3,17 metros

Na tarde desta quarta, a MetSul Meteorologia confirmou que Porto Alegre recebeu, em setembro, mais chuva, do que em abril de 1941, mês em que a maior cheia da história do Guaíba deixou a área central debaixo d’água. Veja:

Foto: Reprodução/MetSul

Guaíba, hoje, conforme as medições da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema):

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