Sindicato marca para terça-feira assembleia sobre greve na Carris

Na quinta, ex-presidente e membro do Stetpoa disse que paralisação pode ocorrer antes da abertura do edital de desestatização da companhia

Os ônibus deixaram de circular devido à enchente histórica de maio - Foto: Maria Eduarda Fortes/Correio do Povo

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa) publicou, nesta sexta-feira, no Correio do Povo, um edital convocando assembleia geral extraordinária para a manhã da próxima terça-feira, a fim de solicitar autorização para a deflagração de greve nas linhas da Carris, ainda sem data definida. O sindicato busca que a Prefeitura mantenha pública a empresa, cancelando a abertura dos envelopes para a privatização, marcada para 2 de outubro.

Nessa quinta-feira, o ex-presidente e membro do sindicato Sandro Abbáde havia antecipado uma paralisação para “dias antes” da abertura. Na madrugada de ontem, cerca de 50 representantes do Stetpoa se mobilizaram em frente a Carris, no bairro Partenon, conversando com os funcionários da empresa pública, e buscando apoio para pressionar o governo Melo a desistir do projeto. Antes disto, no último dia 15, o Stetpoa havia feito duas assembleias, declarando ‘estado de greve’.

A reunião seguinte para decidir sobre a greve em si era prevista para hoje, mas, segundo a ala de oposição ao presidente Adair da Silva, a diretoria do sindicato “não encaminhou o edital convocando a assembleia”.

No dia 15, os trabalhadores rejeitaram a proposta da Prefeitura de manter 12 meses de estabilidade para todos os trabalhadores após a empresa privada assumir a gestão da Carris.

“A gente não quer somente uma proposta, mas sim a retirada do edital de circulação da venda e que seja cancelada a abertura dos envelopes no próximo dia 2”, afirmou Marcelo Weber, membro da comissão do Stetpoa e do movimento opositor ao presidente Adair. Ambos os grupos, situação e oposição, se dizem favoráveis a uma paralisação caso a Carris não reabra as negociações com os trabalhadores.

Independentemente da aprovação ou rejeição da greve, o sindicato deve entrar na próxima semana com uma liminar na Justiça a fim de impedir o processo licitatório.

Em nota, a Carris afirmou que ainda vai aguardar o resultado da assembleia. “Porém, lamentamos que o acordo entre o sindicato e a Carris, negociado no TRT , que garantia estabilidade de 12 meses aos trabalhadores da empresa e outras vantagens, não tenha sido aceito. Foi uma conquista dos trabalhadores, incompreensivelmente recusada”, salienta a direção da companhia.

Antes de iniciar as negociações atuais, a empresa havia lançado um plano de demissões voluntárias, aderido por cerca de 350 profissionais na ocasião. O edital de concorrência internacional para a privatização prevê lance mínimo de R$ 109 milhões.