Intenção de consumo das famílias fica estável em setembro, diz CNC

Segurança no emprego atual alcança 43% dos consumidores, maior volume desde janeiro de 2015

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Foto: Tânia Rêgo / Arquivo / Agência Brasil

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) ficou estável em setembro, depois do crescimento que vinha sendo sustentado desde janeiro do ano passado. Com isso, o indicador se manteve pelo segundo mês consecutivo acima dos 100 pontos (102,6), indicando satisfação dos consumidores. A perspectiva de consumo para os próximos três meses e o momento para aquisição de bens duráveis se destacaram com as maiores altas de setembro (0,5% e 1,9%, respectivamente). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 21, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC).

Por outro lado, a perspectiva profissional e o nível de consumo atual caíram (2% e 0,2%), resultando no equilíbrio da intenção de compra em setembro. No ano, todos os indicadores da pesquisa seguem apontando recuperação. Além disso, quatro em cada 10 afirmam que têm intenção de compras nos próximos três meses, maior proporção desde março de 2015.

“Embora o indicador principal mostre estabilidade, a alta da projeção de consumo para o último trimestre do ano e a maior segurança no emprego, em geral, são boas notícias para o varejo, que se prepara para o período de maior faturamento do ano, com datas comemorativas importantes”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele lembra que, além das compras sazonais, os feriadões do segundo semestre também impulsionam a intenção de consumo das famílias, o que deve se refletir nas vendas do comércio, dos serviços e do turismo.

BENS DURÁVEIS

A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que a melhora na percepção para aquisição de duráveis, cuja variação anual é de 54,9% de crescimento, está relacionada à redução dos juros e à inflação mais baixa desse tipo de produto. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o menor impacto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi justamente dos preços de artigos como eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Com redução de 12,4 pontos percentuais em um ano, a inflação anual desses itens despencou de 12,7% em agosto de 2022 para 0,3% no mês passado.

“A maior segurança no emprego oferece mais tranquilidade para os consumidores comprarem a prazo”, lembra Izis Ferreira. Do total de consumidores, 43% estão se sentindo mais seguros no emprego atual, maior volume desde janeiro de 2015. “Os dados refletem, principalmente, o momento do mercado de trabalho formal, que ainda apresenta alta nas contratações, mesmo que o ritmo da criação de novas vagas esteja desacelerando”, aponta a economista. Conforme ela, essa desaceleração, porém, faz com que os consumidores olhem com cautela o cenário nos próximos meses, com queda de 2% na perspectiva profissional. “Ou seja, os consumidores indicam que estão olhando com certo ceticismo as possibilidades no mercado de trabalhono futuro”, conclui.

QUEDA NO CONSUMO

O início da redução na taxa Selic também impactou positivamente a percepção sobre o acesso ao crédito: a proporção de pessoas afirmando que está mais fácil contratar crédito do que no ano passado aumentou 0,8 ponto perrcentual, chegando a 29,3% do total de entrevistados. “Embora otimistas, o endividamento e a inadimplência ainda elevados limitam a capacidade de consumo das famílias e os efeitos benéficos de haver mais renda disponível com a desaceleração inflacionária e as políticas de transferência de renda”, pondera Izis Ferreira. Tanto que o indicador do nível de consumo atual está em 87,4 pontos, na zona de insatisfação, e apresentou queda de 0,2% no mês.

A intenção de consumo das famílias com renda até 10 salários mínimos se manteve a mesma de agosto e diminuiu 0,3% entre as famílias com maior renda. O indicador de perspectiva de consumo para os próximos três meses entre os consumidores de renda média e baixa avançou 0,7%, mas caiu 1,3% entre os de renda alta. De acordo com a CNC, essa diferença se deve ao ceticismo das famílias com maior poder aquisitivo em relação ao seu futuro no mercado de trabalho, já que o indicador de perspectiva profissional caiu 2,3% entre esses consumidores.

No recorte por gênero, a intenção de consumo das mulheres atingiu 101,7 pontos e, pela primeira vez na série histórica, chegou ao nível de satisfação. O avanço na intenção de consumir em setembro, com relação ao mesmo mês do ano passado, foi maior entre as mulheres (24,4%) do que entre os homens (19,2%). Do público feminino, 40,4% pretende comprar mais nos próximos meses, uma alta mensal de 13,8 pontos percentuais, enquanto essa proporção chegou a 39,4% entre os homens, avanço de 10,9 pontos percentuais.