RS vai decretar estado de calamidade pública devido a enchentes

Governador Eduardo Leite confirmou a medida durante coletiva, em Lajeado, nesta quarta-feira

Foto: Ricardo Giusti/ CP

O governo do Rio Grande do Sul decidiu decretar estado de calamidade pública diante um cenário de enchentes, destruição e mais de 30 mortes em decorrência das chuvas em excesso. O documento vai ser assinado no fim da tarde desta quarta.

“Estamos mobilizados para resgatar as vítimas e reconstruir tudo”, disse o governador Eduardo Leite durante uma coletiva de empresa em Lajeado, uma das cidades afetadas pelas inundações. Além dos óbitos, há ainda pessoas desaparecidas, desalojadas e desabrigadas, principalmente na região do Vale do Taquari.

Após uma comitiva interministerial ter visitado as áreas mais afetadas pelas enchentes, nessa manhã, Leite classificou a sequência de temporais e inundações como a “pior tragédia natural já registrada” no Rio Grande do Sul “em termos de vidas que se perderam”. “E, infelizmente, mais mortes podem ser constatadas ao longo das próximas horas em função do quadro e da criticidade do que se vivenciou”, completou.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, que também sobrevoou os locais mais atingidos no Vale do Taquari, disse não se recordar de ter visto uma destruição semelhante. Já o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que o “cenário era de guerra”.

As autoridades apontaram como prioridade a mobilização de botes do Exército, da região da fronteira; de helicópteros, da Polícia Rodoviária Federal e das Forças Armadas, e ações imediatas para garantir abrigo, segurança, água potável e alimentação para as vítimas.

Paralelo a isso, uma equipe da Defesa Civil Nacional também apoia as prefeituras nos decretos de situação de emergência ou de calamidade pública, a fim de que o repasse de recursos seja agilizado.

A destruição provocada pelas fortes chuvas dos últimos dias resultou, oficialmente, em 31 mortes – número que pode aumentar, uma vez que mais corpos vêm sendo encontrados à medida em que as águas descem.

No momento, há também cerca de 1,6 mil desalojados e um total de mais de 50 mil pessoas afetadas diretamente. Leite também agradeceu o trabalho de todos os agentes atuando na linha de frente, e comemorou o fato de que mais de duas mil pessoas foram resgatadas desde domingo.

Durante a coletiva, o governador também anunciou que os desfiles do dia 7 de setembro foram cancelados para que os esforços se concentrem na recuperação dos prejuízos nas cidades atingidas, principalmente as situadas no Vale do Taquari, como Muçum, Roca Sales e Encantado.

Leite também afirmou que não há limite orçamentário para a reconstrução das cidades. Além do repasse emergencial de R$ 5 milhões, já anunciados pelo Tribunal de Justiça, o governador afirmou que “mais dezenas de milhões de reais” serão destinados à reconstrução das cidades.

“Não há um limite a necessidade para restabelecer a ordem. Os recursos muito provavelmente vão servir para dar sustentação aos programas de apoio às famílias e também apoio em reconstrução, mas naturalmente serão dezenas de milhões de reais necessários”, confirmou.

O governador reforçou, também, a importância de as pessoas se cadastrarem para receber os alertas da Defesa Civil por meio do envio de um SMS para o número 40199. No início da semana, a Defesa Civil Estadual revelou que, até agora, menos de 7% dos gaúchos se habilitaram para receber esse tipo de alerta.

Prefeito de Muçum fala em situação caótica

Muçum ainda é o município que mais registrou mortes nas enchentes. Na cidade, 15 pessoas mortas foram encontradas pelas autoridades e busca por desaparecidos prossegue.

O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, descreveu como “caótica” a situação na cidade nesta quarta. “A cidade se destruiu. Vamos ter que começar praticamente do zero a nossa estrutura. Vamos precisar de muito apoio de todos”, declarou em comunicado enviado à imprensa.