Produção industrial tem perda de ritmo e recua 0,6% em julho, diz IBGE

Na comparação com julho de 2022, a queda do indicador foi de 1,1%

Crédito: José Fernando Ogura/ANPr

A produção industrial do país mostrou perda de ritmo e apresentou retração de 0,6% em julho, comparado com a variação nula em junho (0,0%) e avanço (0,3%) em maio. Na comparação com julho de 2022, a queda foi de 1,1%. Com o resultado, a indústria acumula no ano recuo de 0,4% frente a igual período de 2022, e mostra uma variação nula (0,0%) no acumulado dos últimos 12 meses. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (05) pelo IBGE. No Rio Grande do Sul, o setor apresenta queda de -1%, contra variação nula em junho.

“Esse resultado acentua o movimento de perda de ritmo, especialmente quando comparado com junho e maio”, explica André Macedo, analista da pesquisa. Em julho, o setor industrial estava 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em maio de 2011. O resultado da PIM para julho mostra um perfil disseminado de taxas negativas, com três das quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 25 ramos pesquisados apresentando recuo na produção.

INFLUÊNCIAS NEGATIVAS

As principais influências negativas entre as atividades foram dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5,0%). O setor de veículos intensifica o recuo verificado em junho último, de 3,4%. Para o analista, o desconto patrocinado na aquisição de veículos sustentáveis, incentivo do Governo Federal promovido ao setor por meio da Medida Provisória n° 1175, ainda não alterou o cenário nas fábricas. “O que a pesquisa captou pelos dados de junho e julho é que, em um primeiro momento, esse estímulo rebate nas vendas porque o setor já tinha um nível alto de estoque”, explica Macedo.

Já as atividades extrativas interrompem dois meses seguidos de crescimento, que totalizam 4,3% no período maio-junho de 2023. Essa queda, entretanto,não altera a trajetória de aumento. “É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%”, ressalta o pesquisador. Outros setores que influenciaram no resultado de julho foram confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,0%), de produtos de metal (-4,8%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%).

EXPANSÃO

Por outro lado, entre as nove atividades que apontaram expansão na produção, destaque para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), que interrompe três meses consecutivos de queda na produção, com perda acumulada de 17,7%. Outros dois setores que se destacaram foram os de produtos alimentícios (0,9%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%). O setor de alimentos marca o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022 (4,4%), impulsionado pelo avanço da expansão de produção de açúcar, soja e carne bovina. Já o último elimina parte do recuo de 3,4% registrado em junho.

A pesquisa ainda mostra que, entre as grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, o resultado de junho foi de queda para bens de capital (-7,4%) e para bens de consumo duráveis (-4,1%). O setor de bens intermediários (-0,6%) também recuou. Por outro lado, o único avanço no mês veio de bens de consumo semi e não duráveis (1,5%), intensificando o crescimento de 0,7% verificado em junho.