As taxas de inflação entre os diversos segmentos de renda apresentaram comportamento distinto conforme dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de julho. Enquanto as duas classes de renda mais baixas apontaram deflações – ainda mais significativas, quando comparadas às observadas no mês anterior –, as demais faixas de renda registraram taxas de variações de preços positivas. Em termos absolutos, o segmento de renda muito baixa foi o que apresentou a menor taxa de inflação (-0,28%), senho seguido pelo de renda baixa (-0,14%). Em contrapartida, a classe de renda alta foi a que registrou a maior taxa de inflação em julho (0,50%).
No acumulado do ano, a faixa de renda muito baixa é a que aponta a menor taxa de inflação (2,2%), enquanto a maior variação ocorre no segmento de renda alta (3,5%). De modo semelhante, no acumulado em 12 meses, sendo a menor taxa de inflação verificada na classe de renda muito baixa (3,4%), a mais elevada está no estrato de renda alta (5,1%).
ALÍVIO INFLACIONÁRIO
Conforme os dados do Ipea, em julho os principais alívios inflacionários vieram das deflações dos grupos alimentos e bebidas e habitação. No caso de alimentos e bebidas, a queda expressiva dos preços dos alimentos no domicílio, especialmente em itens importantes como cereais (-2,2%), carnes (-2,1%), aves e ovos (-1,9%) e leites e derivados (-0,89%), possibilitou uma forte descompressão sobre os índices de inflação, sobretudo para as famílias com rendas mais baixas, dado o peso destes itens nas suas cestas de consumo.
Em relação ao grupo habitação, o recuo de 3,7% das tarifas de energia elétrica gerou uma forte contribuição negativa à inflação, especialmente para os segmentos de menor poder aquisitivo. Ainda que em menor intensidade, as deflações de 0,18% das roupas e de 0,47% dos calçados também proporcionaram um alívio inflacionário, em julho, para todas as faixas de renda.
Já o reajuste de 4,8% da gasolina pode ser apontado como o principal ponto de pressão sobre o grupo transportes, que exerceu a maior contribuição positiva à inflação, em julho. Para as faixas de rendas mais altas, além do impacto mais expressivo originado pelo aumento dos combustíveis – tendo em vista o peso desse item nos seus orçamentos –, as altas de 4,8% das passagens aéreas e de 10,1% do aluguel de veículos explicam a elevada contribuição do grupo transportes à inflação destes segmentos, cuja pressão inflacionária anulou, inclusive, os efeitos baixistas vindos da deflação dos alimentos e da energia elétrica. De modo semelhante, os aumentos de 0,78% dos planos de saúde e 0,51% dos serviços de recreação, e seus impactos sobre os grupos saúde e despesas pessoais, ajudam a completar este quadro de maior pressão inflacionária nos estratos de renda mais alta.