O que reivindicam os agricultores familiares que protestam em Porto Alegre

O protesto organizado pela Fetraf-RS, com apoio da CUT-RS, busca mudanças em relação ao enquadramento dos agricultores no Proagro e alterações no mercado do leite

Foto: Eduarda Fortes / CP

A Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-RS) protestou nesta terça-feira (15), em Porto Alegre, pedindo mudanças para o mercado do leite e melhora nas condições de contratação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). A concentração começou por volta das 7h em frente à sede do Banco Central, na Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico. Por volta das 10h, o grupo começou a se deslocar em direção ao Palácio Piratini.

De acordo com o presidente da federação, Douglas Cenci, a entidade protesta contra as mudanças feitas pelo governo federal nos parâmetros de enquadramento dos agricultores familiares no Proagro que “tem excluído um grande grupo de agricultores familiares, segundo os próprios dados do Banco Central, em torno de 25% dos Agricultores familiares no Rio Grande do Sul”, afirma Douglas. Ele explica que os agricultores que têm uma diversidade de cultivos também captaram recursos de diversos fundos nos últimos anos, fato que, segundo a legislação vigente, os impede de captar mais dinheiro para suas lavouras neste momento.

Este é o caso do agricultor familiar Felix Parisotto, que produz ameixa e pêssego com outros quatro membros de sua família em uma propriedade rural de cinco hectares, no município gaúcho de Ipê. “Até o ano passado eu consegui (captar os recursos do Proagro), neste ano me dizem que foi captado muitas vezes, que venceu”, lamenta Parisotto. Segundo ele, caso consiga acesso aos recursos, eles serão destinados para a compra de insumos.

Além das reivindicações relacionadas ao Proagro, representantes da cadeia do leite também estiveram presentes na manifestação, pedindo por limitações nas importações do produto de países do Mercosul, assim como um preço mínimo mais alto para a venda. A produtora Graciela Cassol, de Marcelino Ramos, afirma que veio ao protesto em busca de “melhores condições para levar alimento às mesas das pessoas, porque se a agricultura familiar não vai bem, todas as outras cadeias produtivas também não vão”. Em sua propriedade, relata que a situação não é nada boa por conta dos custos altos e do preço do leite, cada vez menor.