O humor do mercado financeiro vai movimentar esta terça-feira, 15, depois que o furacão Milei deixou suas consequências ao final do dia de ontem. Se bem que a crise no mercado imobiliário da China também ajudou. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou a segunda-feira em queda de 1,06%, pouco acima dos 116.809 mil pontos, décimo pregão consecutivo no vermelho, maior sequência diária de quedas registrada desde fevereiro de 1984, há 39 anos.
Já o dólar fechou as operações em alta de 1,26%, cotado a R$ 4,96, sob impacto da crise no mercado imobiliário chinês e dos resultados das primárias na Argentina. Foi a sétima alta do dólar em agosto, em um total de dez sessões, e o maior patamar desde o início de junho, e acumulando ganho de 5,01% no mês.
O comportamento reflete a insegurança do mercado após a vitória do candidato ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias para eleger candidatos às eleições gerais de outubro e o peso argentino interbancário foi desvalorizado em 18%, a 350 por dólar. A taxa de juros do país subiu 21 pontos básicos para 118% ao ano. Milei sinalizou sua disposição em dolarizar a economia argentina e o fechamento do Banco Central, considerado por ele “uma farsa”.
Para o Brasil, a preocupação está no futuro do Mercosul, que não resistiria a uma Argentina dolarizada. Além disso, o encontro dos países dos Brics na África do Sul no fim do mês poderia aprovar a entrada da Argentina, permitindo um eventual empréstimo do banco do bloco, comandado pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff. Também está na lista de preocupações brasileira a indefinição do quadro eleitoral. Nada garante que um acordo com o atual governo venha a ser honrado por um candidato “anarcocapitalista”, como se define Milei.
Brasília também espera pela reação da China, que não deve ficar indiferente à ameaça de dolarização.