Centro Histórico de Porto Alegre tem movimento moderado na busca de presentes para o Dia dos Pais

Comerciantes reclamam que obras do Quadrilátero Central e descapitalização têm atrapalhado compras

Foto: Maria Eduarda Fortes / Correio do Povo

O movimento no Centro Histórico de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira, antevéspera do Dia dos Pais, era moderado na busca pelos presentes. Comerciantes da rua Voluntários da Pátria, um dos principais centros comerciais da Capital, afirmam que as obras do Quadrilátero Central, que hoje está em locais como a esquina desta com a rua Vigário José Inácio, têm atrapalhado o deslocamento de consumidores e a consequente aquisição de produtos.

“Temos que ter jogo de cintura para lidar com isto. Sabemos que não há o que ser feito agora, mas temos a noção de que há quatro ou cinco anos o comércio não fatura”, afirma Sérgio Meirelles, comerciante de roupas na Voluntários e um dos diretores do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec), que chegou a gravar um vídeo de desabafo sobre a situação e enviado a um grupo de empresários da área central. Na próxima semana, a entidade irá se reunir com o Sindilojas-POA para pressionar por soluções mais rápidas.

“O prefeito Sebastião Melo disse ontem na Rádio Guaíba que não quer obra na porta do empresário. Mas o que vemos aqui é diferente”, pontuou Meirelles, apontando para a calçada quebrada em frente ao seu comércio. A vendedora de uma loja de calçados Lizandra da Silva disse que havia observado baixo movimento. “As pessoas estão sem dinheiro até para comer. Acho que a coisa não está indo muito bem”, opinou ela.

Procurada, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) disse que os próprios comerciantes solicitaram não haver parada nos serviços em todas as datas comemorativas, somente nas consideradas mais relevantes, “justamente para não haver atrasos”. De qualquer forma, no sábado, conforme a Smoi, não haverá obras durante o dia. O acordo foi firmado entre a Prefeitura, Sindilojas-POA e os empresários. Na próxima semana, ainda estão previstas obras no trecho entre a Voluntários e a Vigário.

A estudante de Administração Jéssica de Oliveira estava ontem pela manhã acompanhada dos pais, a auxiliar de serviços gerais Maria Oliveira, e o autônomo Anildo da Silva, em busca de presentes. Eles são moradores de Alvorada. “Acho que Dia dos Pais poderia ser todo dia. Ele merece. Já comprei um tênis para ele, e inclusive ele já usou”, comentou Jéssica. Ela ainda comentou que procura adquirir itens às vezes um mês antes da data comemorativa, em razão do maior movimento na época atual.

As opiniões dos comerciantes vão na contramão do que afirmam demais entidades. A Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) projeta que o Dia dos Pais, quarta data comemorativa mais importante do comércio brasileiro em termos de movimentação financeira, deve gerar R$ 700 milhões em vendas no comércio gaúcho, 10% a mais do que na mesma data em 2022.

“Neste ano, ela ganhou pontos positivos para ter vendas mais robustas”, destacou o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch. De acordo com ele, a queda da inflação e na taxa Selic em 0,5 ponto percentual devem injetar fôlego ao poder de compra da população. O Sindilojas Porto Alegre segue a mesma tendência, destacando, conforme levantamento da entidade, que espera haver um incremento de R$ 140 milhões na economia da Capital, e um ticket médio de R$ 267 por consumidor, considerando todas as compras, aumento de 6,2% em relação a 2022.

Os itens mais citados para a compra pelos respondentes devem ser roupas, com 44,8% do total, além de cosméticos, perfumaria e produtos de higiene, com 15,7%, calçados, representando 13,4%, e bebidas, com 9,4%. A CDL Porto Alegre revelou os dados de uma pesquisa inédita realizada pela entidade, mostrando que 53% dos respondentes disse que não pessoas na data.

A causa, observa o presidente da CDL POA, Irio Piva, pode ser pela alteração do papel do pai na sociedade. “Temos observado muitas transformações na sociedade e vemos que muitas famílias são amparadas atualmente por mulheres. Isto reflete em diversas esferas econômicas e sociais”, comenta Piva. O ticket médio de compras deve ficar entre R$ 101 e R$ 200 para a maioria das pessoas que respondeu ao levantamento.