eA semana econômica trará à tona não apenas as justificativas que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a rduzir a taxa Selic para 13,25% ao ano, a primeira queda depois três anos. É que será divulgada na terça-feira, 8, a ata da última reunião onde o voto do presidente do BC, Roberto Campos Neto, desempatou uma disputa entre uma redução de 0,25 e 0,50 ponto percentual, tendo sido escolhido este último.
Para alguns especialistas, a divisão não foi algo comum, já que a maioria dos membros com formação acadêmica ortodoxa em economia dentro do conselho preferiu uma abordagem mais cautelosa. Há um fator importante no processo decisório dos próximos meses. É que o mandato de dois integrantes do Copom expira até o final do ano e a expectativa é que comitê se torne mais “brando” quando as substituições forem feitas. Já há quem aposte um indicador abaixo dos 12% anuais no final de 2023.
E uma informação da semana vai referendar, ou não, a decisão de reduzir a taxa de juros e ajudar a justificar as avaliações das próximas reuniões do Comitê. O principal destaque da agenda nos próximos dias é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de julho, que será divulgado na sexta-feira, 11. A expectativa é que o indicador fique praticamente estável em relação ao de junho, podendo chegar a uma alta mensal de 0,1%, e 4% no acumulado ao ano e fruto do preço de veículos com o fim do programa de descontos fomentado pelo governo, e da gasolina, com o retorno cheio do PIS/Cofins.
No mesmo dia, o Banco Central divulga a prévia de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, referente ao mês de junho. O indicador do mês de maio foi negativo e chamou a atenção dos investidores, com uma retração de 2%, reflexo do fim do impacto da safra agrícola.
Antes disso, na quarta-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar as vendas do varejo referente a junho. As estimativas remetem para uma alta mensal de 0,4% no índice amplo e de 6,1% no acumulado do ano. Na quinta-feira, 10, sai a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também do mês de junho, que analistas deste mercado esperam uma alta mensal de 0,3% e de 3,9% em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para o crescimento nos serviços oferecidos à família.
BALANÇOS
No mundo corporativo, será o período de divulgação de balanços das empresas no segundo trimestre de 2023. Estão previstos cerca de 150 balanços, com destaque para bancos como Itaú Unibanco, Banco do Brasil e a B3, assim como a Azul, Eletrobras, dentre outras.
No cenário internacional, também acontece a divulgação dos dados de inflação que devem ser avaliados pelo Federal Reserve em seu próximo encontro, nos dias 19 e 20 de setembro. A inflação ao consumidor de julho medida pelo CPI vai ser divulgada na quinta-feira e a média das projeções do mercado aponta para uma alta de 0,2% em relação a junho e de 3,3% na leitura de 12 meses. O núcleo do CPI também tende a avançar na mesma magnitude, chegando a 4,7% em 12 meses, mais que o dobro da meta de inflação do Fed, mas no menor nível desde 2021.
A inflação ao produtor medida pelo PPI tem divulgação prevista para sexta-feira, com previsão de variação de 0,1% entre junho e julho. Para a diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, altas adicionais nos juros dos Estados Unidos provavelmente serão necessárias para trazer a inflação para a meta de 2% a médio prazo.
Na China, três dados de destaque. A balança comercial do mês de julho vai ser divulgada na terça-feira e a expectativa é de queda de 14% nas exportações, o terceiro mês seguido de contração, o que não é um bom indicador par a retomada da economia chinesa. Para as importações, espera-se um recuo de 5,2%. Os dados, portanto, devem apontar para uma continuidade de fraqueza nas demandas externas e interna. A inflação ao consumidor chinês vai ser divulgada no mesmo dia e os riscos de deflação são altos. O mercado projeta uma retração de 0,3%. Para a inflação ao produtor, a previsão é de contração de 5% em bases anuais – o décimo mês seguido de crescimento negativo.