Cobertura vacinal contra o sarampo cai de maneira mais significativa em cidades pobres do Brasil

Menos de 50% dos municípios do Brasil atingiram meta de cobertura de 95% da vacina tríplice viral em 2020

Foto: Divulgação/ Fiocruz

O Brasil enfrenta uma queda desigual da cobertura vacinal de um dos imunizantes mais importantes para as crianças, a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Um estudo publicado nesta terça-feira na revista científica PLOS Global Public Health revela que os municípios mais pobres tiveram, nos últimos anos, os menores índices de imunização.

Conduziram o trabalho pesquisadoras da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que analisaram dados de 5.565 cidades brasileiras entre 2006 e 2020.

De acordo com o artigo, em todas as regiões (exceto no Sudeste), menos de 50% dos municípios do Brasil atingiram a meta de cobertura de 95% da vacina tríplice viral em 2020. O estudo constatou uma queda média de 1,2% ao ano na cobertura, e os municípios mais carentes foram os que tiveram declínios maiores.

O estudo analisou ainda padrões e mudanças regionais durante 2006 e 2016. Descobriram-se grupos de alto risco nos estados do Norte e Nordeste, como Pará, Maranhão e Bahia, onde a proporção de crianças que receberam a vacina diminuiu a uma taxa mais rápida por ano do que no resto do país.

Uma queda na proporção de crianças não vacinadas contra sarampo, caxumba e rubéola nesses grupos de alto risco pode indicar um aumento potencial de disseminação dessas enfermidades nas áreas onde vivem.

Os pesquisadoras observaram que a situação da cobertura vacinal no Brasil piorou desde 2014 devido a uma grave recessão econômica, à crise política, à austeridade nos gastos públicos e, principalmente, em razão da pandemia de Covid-19, a partir de 2020.

Por fim, o estudo concluiu que se mantêm as disparidades socioeconômicas e de saúde regionais no Brasil e sugere que, para promover a equidade vacinal e prevenir futuros surtos, mais pesquisas são urgentes.