E chegou a tão aguardada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que, na visão da maior parte do mercado, deve dar início ao ciclo de cortes na taxa Selic. No encontro, que acontece nos dias 1º e 2 de agosto, deve definir um corte da taxa Selic (taxa básica de juros) praticada no país que poderá chegar a 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. E desde o final de semana os agentes financeiros estão vendo o acirramento das críticas de integrantes do governo Federal à política monetária da autoridade praticada até então. Esta será a quinta reunião do ano do Copom.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem insistindo na redução dos juros para estimular a economia, e um corte de 0,5 ponto percentual vai impactar primeiro nos investimentos, mas poderá estimular também o consumo. “Tem impacto na economia e começa um ciclo que reposiciona os agentes econômicos”, disse o ministro. Haddad disse na entrevista que a indicação dos novos diretores do BC pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará “novas visões” para o Copom, tornando as discussões mais plurais. “Vai arejar muito o debate, vamos levar perspectivas novas”, afirmou ele.
Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados pelo governo à diretoria do BC, assumiram neste mês as cadeiras de Política Monetária e Fiscalização, respectivamente. Eles participam pela primeira vez da reunião do Copom. A taxa de juros Selic está em 13,75% desde agosto de 2022.
LEVANTAMENTO
Um levantamento com quase 50 bancos e casas de análise revela que 78% deles acredita numa redução da Selic em 0,25 ponto percentual, sendo que os demais preveem um corte de 0,50. Um importante balizador do mercado será o Relatório Focus, do Banco Central com estimativas dos economistas para inflação, juros e Produto Interno Bruto (PIB) para 2023 e os próximos anos.
Um dos pontos que deverá ajudar na pressão sobre o Copom é a melhora na classificação do risco de crédito do Brasil pela Fitch. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a elevação do rating vai ajudar na redução da curva de juros e no trabalho do BC. “Cada passo é um avanço, é um legado, mudar um grau vai reduzir nossa curva de juros, vai apoiar o Banco Central, vai apoiar a ancoragem das expectativas, o trabalho do BC, vai atrair capital externo pra o Brasil”, declarou Ceron, reafirmando o objetivo de recuperar o grau de investimento até 2026.
Certamente contribuem para esta pressão os resultados dos indicadores mais recentes sobre a inflação, como o IPCA-15, que apontou deflação de 0,07% em julho, após a leve alta de 0,04% em junho. Foi a primeira deflação do indicador desde setembro do ano passado. Em julho de 2022, o IPCA-15 teve avanço de 0,13%.