Em uma triticultura que apresenta um constante avanço tecnológico e conquista cada vez mais espaço nas propriedades rurais do Brasil, o lançamento de novas tecnologias se faz parte importante dessa evolução. Através de mais e melhores cultivares, os agricultores se munem de opções para melhor rentabilizar as suas propriedades no inverno. E a partir da próxima safra, o mercado brasileiro de trigo contará com algumas novas variedades. São elas o Biotrigo Titan, Biotrigo Sentinela, Biotrigo Talismã e Biotrigo Weiss. Elas foram apresentadas e aprovadas pelo corpo científico presente na 16ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT). O evento ocorreu dos dias 25 a 27 de julho, em Guarapuava (PR), e foi organizado pela Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa).
O principal foco dos programas de melhoramento é o desenvolvimento de cultivares que atendam as demandas de todos os elos da cadeia tritícola, de acordo com o gerente responsável pelo setor na Biotrigo, Ernandes Manfroi. “Dentro dos quatro programas da Biotrigo, buscamos elevar o nível de produtividade dos materiais, assim como de segurança no campo, sobretudo às doenças de difícil controle, e dando atenção especial à qualidade industrial dessas variedades”, resume.
Biotrigo Titan: poderoso no campo
Uma das principais novidades apresentadas pela Biotrigo na 16ª Reunião de Trigo foi o Biotrigo Titan. A cultivar, que possui ciclo médio, promete ser um forte aliado do produtor na busca por alto rendimento e estabilidade produtiva. Além disso, traz uma qualidade industrial compatível com as demandas do mercado moageiro, oferecendo uma cor de farinha mais clara. “O excelente nível de produtividade de Titan se dá pela boa distribuição de seus componentes de rendimento, uma vez que a cultivar apresenta uma excelente capacidade de perfilhamento, um ótimo tamanho de espiga e um bom peso de mil sementes (PMS)”, relata Francisco Gnocato, melhorista da Biotrigo. A estabilidade atestada em Titan também é fruto de um pacote fitossanitário robusto e equilibrado e de um ciclo versátil dentro da programação de plantio do agricultor.
Biotrigo Sentinela: você planta mais cedo, seu solo agradece
E por falar em estabilidade de produção, outra novidade apresentada no evento traz esse quesito como ponto central. Trata-se de Biotrigo Sentinela, a primeira cultivar da Biotrigo com ciclo largo, possuindo, em média, dez dias a mais que TBIO Ponteiro – cultivar de ciclo médio/tardio. Esse fator possibilita uma antecipação da janela de semeadura ainda maior, contribuindo para diversos fatores fisiológicos do solo. “O que o produtor tem de maior valor dentro de sua propriedade hoje? O solo. Em diversas regiões tritícolas do país, em especial da região Sul, temos uma janela que fica descoberta de qualquer cultura entre a colheita do verão e a semeadura do inverno. Biotrigo Sentinela vem para proteger o solo do agricultor por um período maior de tempo e ainda por cima gerar uma maior rentabilização dentro da propriedade, por haver uma colheita”, explica o melhorista da Biotrigo, Gustavo Mazurkievicz.
Biotrigo Talismã: mais que sorte, genética e desempenho
A 16ª Reunião de Trigo também contou com a apresentação da cultivar que chega ao mercado para ser a sucessora de TBIO Audaz, variedade lançada em 2017, que representou uma melhoria nos padrões de qualidade industrial dos trigos semeados no país, somados a um rendimento destacado, o que fez com que Audaz estivesse no grupo das três mais semeadas do país. “Em comparação a Audaz, Biotrigo Talismã evolui em termos de produtividade, nível de segurança a doenças como oídio e giberela, ainda contando com uma ótima manutenção de seu elevado PH”, aponta Gustavo. Em relação à performance industrial, Talismã mantém os mesmos níveis destacados de sua antecessora, sendo classificado como trigo Melhorador. Assim como Audaz, Talismã possui um ciclo precoce.
TBIO Convicto: alto potencial produtivo para sequeiro
Lançado em 2022, TBIO Convicto também foi apresentado nesta edição do evento. O material, de ciclo médio/tardio, é uma nova opção aos produtores de trigo do Cerrado que visam o cultivo em sequeiro. “Convicto traz um forte conjunto de características, que unem um ótimo vigor de planta, alta capacidade de perfilhamento, excelente tolerância à seca e uma sanidade muito equilibrada no campo, com bom desempenho em anos com ocorrência de brusone da espiga”, indica Francisco. No campo, mesmo em um ambiente mais desafiador ao agricultor do Cerrado, Convicto mostrou alta aptidão ao sequeiro, pelos resultados de produtividade apresentados. Já na indústria, o material, classificado como trigo Melhorador, atende a todos os parâmetros demandados pelo mercado moageiro local.
Licenciamentos exclusivos
Apresentado e aprovado na 16ª Reunião de Trigo, a primeira cultivar de trigo exclusivo para malte do Brasil, Biotrigo Weiss, traz características distintas que o tornam eficiente na produção de cerveja. Segundo o melhorista da Biotrigo, Fernando Espolador, a cultivar, licenciada para a Cooperativa Agrária, de Guarapuava (PR), possui uma baixa porcentagem de proteína, fator fundamental para sua destinação ao segmento de malte. No campo, Weiss é um material que tem como características um bom rendimento, pacote fitossanitário equilibrado e um ciclo médio/tardio. “Na região de atuação da Agrária, Weiss entregou um rendimento muito acima de testemunhas como TBIO Ponteiro, fator atestado nos ensaios conjuntos entre a Biotrigo e a Fapa nos últimos dois anos”, ressalta Fernando.
Quatro outros licenciamentos exclusivos foram apresentados no evento. Dois deles são BAR 10 e BAR 20, variedades licenciadas para a Barenbrug, empresa líder mundial no mercado de forrageiras e entrante no mercado tritícola brasileiro. As outras duas são BS Etanol e BS Etanol 8, cultivares licenciadas à B8, pioneira na produção de etanol a partir de cereais de inverno no Brasil. As recomendações de manejo e cultivo das variedades aprovadas serão publicadas no livro ‘Indicações Técnicas para Trigo e Triticale – Safra 2024’.
Homenagem aos 15 anos da Biotrigo
Durante o evento, a Biotrigo, através dos seus diretores, André Cunha Rosa e Ottoni Rosa Filho, foi homenageada pelos 15 anos de história, completados em abril de 2023. A homenagem foi realizada pela Comissão Brasileira de Pesquisa em Trigo e Triticale. “É muito prazeroso receber o reconhecimento da comissão e saber que, até aqui, já construímos um bom legado”, cita Ottoni. Para André, o principal papel da Biotrigo nessa caminhada foi o de conciliador dos principais elos da cadeia tritícola. “Acredito que através da genética, conseguimos conciliar as demandas do produtor e dos moinhos, pois entregamos materiais produtivos para o agricultor e com boas características para a indústria moageira, fazendo com que esses elos se conversassem”, pontua.