Mesmo após ordem de soltura, criminoso que baleou policial na cabeça segue preso em Rio Grande

Anderson Fernandes Lemos permanece encarcerado devido a outros processos, mesmo após a juíza Paula Cardoso Esteves revogar prisão preventiva

Fachada do Foro de Rio Grande. Créditos: Mário Salgado/TJRS

Anderson Fernandes Lemos, apontado pelo Ministério Público como autor do tiro que atingiu a policial Laline Almeida na cabeça, permanece encarcerado mesmo após a revogação da prisão determinada pela 1a Vara Criminal de Rio Grande. A informação foi confirmada à Rádio Guaíba, nesta quinta-feira, pela delegada Lígia Furlanetto.

Conforme a titular da 7ª Delegacia Regional do Interior, apesar da juíza Paula Cardoso Esteves ter permitido que o criminoso responda em liberdade pelo crime contra a vida da agente, Lemos está detido graças a demais prisões preventivas determinadas pela Justiça, decorrentes de outros delitos. “Ele continua preso em razão de outros processos”, declarou.

O bandido, segundo a Polícia Civil, responde também por tráfico de drogas, furtos e receptação. Ainda conforme a corporação, ele estava foragido quando foi capturado, no dia 1º de abril de 2022, mesma data em que baleou a policial.

A reportagem conversou com o desembargador Cláudio Martinewski, presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), que também reiterou a permanência do traficante no sistema prisional. “Quando o réu está preso por mais de um processo, e se revoga uma decisão, não significa que ele vai ser solto. Permanecem as demais decisões. O mandado de alvará de soltura normalmente fala que ele só será solto se, por outro motivo, não estiver preso”, destacou.

Relembre o caso

Acusado de tentativa de homicídio pelo MPRS, por conta de um disparo de pistola .40 que atingiu a cabeça da policial civil Laline Almeida Larratéa, de 36 anos, da 3ª DP do município no litoral Sul, o criminoso teve a prisão preventiva revogada pela juíza Paula Cardoso. A decisão alega ‘insuficiência de elementos’ indicando que o réu efetuou os disparos com dolo de matar.

“Não há, à vista disso, e pelas razões expostas, como submeter ao plenário popular a hipótese ora analisada, tendo em vista a manifesta insuficiência de elementos a indicarem que o réu, ao efetuar disparos de arma de fogo contra os agentes públicos, tenha agido com o dolo de matá-los e não de apenas resistir à abordagem”, determinou a juíza.

Na data do fato, ocorrido em 1º de abril de 2022, a agente participava de uma ação da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a ‘Operação Bloqueio’, na praia de Cassino. A diligencia tinha como alvo uma facção criminosa que atua no tráfico de drogas na região, liderada por um apenado da Penitenciária Estadual de Rio Grande.

De acordo com os policiais, aos menos cinco disparos foram efetuados pelo criminoso contra um grupo de seis agentes. Atingida na cabeça, Laline foi internada na UTI da Santa Casa de Rio Grande, onde ficou em coma induzido.

O criminoso, preso em flagrante após o ocorrido, alega que disparou contra os agentes por acreditar que eram rivais que invadiam o imóvel onde estava.