Bolsonaro reconhece inelegibilidade e fala que país “caminha para ditadura”

Manifestação ocorreu em Belo Horizonte logo após a condenação no Tribunal Superior Eleitoral

Foto: Roque de Sá / Agência Senado

Depois de resistir por semanas até reconhecer a derrota nas eleições, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) assumiu rapidamente a inelegibilidade, declarada nesta sexta-feira, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Estou inelegível a partir de agora”, reconheceu Bolsonaro aos gritos, inconformado com o resultado.

Pelo placar de 5 a 2, o TSE decidiu pela condenação do ex-presidente com base em uma ação do PDT em função da reunião convocada por Bolsonaro no ano passado com embaixadores. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, na qual ele apresentou uma série de questionamentos sobre o processo eleitoral e inclusive colocando em dúvida o possível resultado. No julgamento, a maioria dos ministros considerou que houve abuso de poder econômico.

Ele falou à imprensa em Belo Horizonte e afirmou que o Brasil está em “caminho bastante avançado” para se tornar uma ditadura, ainda que a decisão judicial tenha sido tomada de forma colegiada. “Isso não é democracia”, disparou.

Bolsonaro afirmou ter sido condenado “pelo conjunto da obra” e que o TSE trabalhou contra ele inclusive durante o processo eleitoral.

“Acredito que hoje tenha sido a primeira condenação por abuso de poder político”, declarou o ex-presidente. “Foi uma condenação sem crime de corrupção, mas tudo bem”, seguiu.

“Acrescentar camadas de segurança é crime na questão eleitoral? É abuso de poder político defender algo que sempre defendi como parlamentar?”, reclamou Bolsonaro.

Ele garantiu que a direita brasileira vai seguir o próprio caminho, com ele como cabo eleitoral. “Vamos continuar trabalhando.”

Para Bolsonaro, o Brasil não reconheceu o “esforço” dele em “jogar dentro das quatro linhas da Constituição”. “Não gostaria de me tornar inelegível. Hoje tomei uma facada nas costas com inelegibilidade por abuso de poder político.”

O ex-presidente afirmou que quem contribuiu com a inelegibilidade dele deve, agora, “por coerência”, confraternizar com os ditadores Nicolás Maduro, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua, aliados de Lula. “Me tiraram de combate com o Ortega convidado para o Foro de São Paulo”, reclamou Bolsonaro, sobre o evento que acontece nesta semana em Brasília.

Bolsonaro afirmou que a transição de governo ocorreu dentro da “normalidade”, apesar da resistência da administração passada em colaborar com a passagem de bastão para o PT. “Desde que assumi, falavam que eu iria dar um golpe. Quem fala em golpe no 8 de janeiro não sabe o que é golpe, é analfabeto político. Ninguém dá golpe com senhorinhas com bandeira do Brasil”, minimizou o ex-presidente sobre os ataques do início do ano.

Para Bolsonaro, ainda não há um substituto para Lula nas eleições de 2026, nas quais o presidente pode disputar a reeleição.

“O TSE poderia estender o mandato de Lula por aclamação”, afirmou o ex-presidente, em uma declaração sem lastro na legalidade.

*Com informações da Agência Estado (AE)