“Crianças morrem de fome enquanto ricos tentam pagar passagem de foguete ou de submarino”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura do encontro do Foro de São Paulo, em Brasília, nesta quinta-feira, ao criticar a desigualdade social mundial. O chefe de Estado disse que atua para que o Brasil volte a ter destaque internacional depois de “seis anos que não era levado a sério em nenhum lugar do mundo”.
Lula criticou os movimentos de direita, que segundo ele vêm “contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder”. O chefe de Estado disse que não se importa de ser chamado de comunista. “Nós ficaríamos ofendidos se nos chamássemos de neofascistas, de terroristas. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha”, afirmou.
Atualmente, fazem parte da entidade mais de 120 legendas, incluindo nove que elegeram presidentes na região. Confira a relação:
• Bolívia (Movimento ao Socialismo);
• Brasil (PT);
• Cuba (Partido Comunista de Cuba);
• Honduras (Partido da Liberdade e Refundação);
• México (Movimento Regeneração Nacional Morena);
• Nicarágua (Frente Sandinista de Libertação Nacional);
• Panamá (Partido Revolucionário Democrático);
• República Dominicana (Partido Revolucionário Moderno); e
• Venezuela (Partido Socialista Unido da Venezuela).
O foro, criado em julho de 1990, resultou de uma articulação envolvendo Lula e o ex-ditador de Cuba Fidel Castro. A primeira reunião ocorreu em São Paulo após a derrubada do Muro de Berlim, na Alemanha, para discutir o posicionamento de políticos e entidades ligadas à esquerda no mundo. Participaram na época 48 movimentos e organizações.
Da reunião realizada na capital paulista, saiu a Declaração de São Paulo, documento que expressa os princípios e objetivos do grupo:
• avançar com unidade consensual de propostas de ação na luta anti-imperialista e popular;
• promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais; e
• definir as bases de um novo conceito de unidade e integração continental.
O encontro em Brasília é o 26º encontro do grupo — o primeiro presencial desde a pandemia da Covid-19. A “Integração Regional para Avançar sobre a Soberania Latino-Americana e Caribenha” pauta a reunião deste ano, com a participação de ao menos 150 representantes de partidos de esquerda.
Atualmente, três partidos brasileiros — PT, PCdoB e PCB — compõem o foro. Em 2019, o PSB deixou a entidade em meio às críticas ao autoritarismo de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. O grupo conta com 123 partidos filiados, em 27 países. Existem três secretarias regionais: Cone Sul, no Uruguai; Andino Amazônica, na Colômbia; e Mesoamericano e Caribenho, em El Salvador. Além dessas, há uma Secretaria-Executiva, sob responsabilidade do PT, em São Paulo.
Críticas da oposição
O evento entrou na mira de parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nessa quarta, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse que protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público Eleitoral (MPE) pedindo a a suspensão do Foro.
Os parlamentares também questionaram a festa junina Arraiá do PT, “por ocorrer no âmbito de um evento com partidos estrangeiros”, o que “viola a Lei dos Partidos Políticos, pois consiste em fraude à vedação de captação de recursos de origem internacional”. O texto da representação cita que o evento cobra ingressos de até R$ 5 mil.